Internacional

Adolfo Gilly, dirigente do PRD, analisa a atual situação política mexicana e fala sobre a retomada de algumas bandeiras da revolução que sacudiu o seu país no começo do século. Entrevista a João Machado, Jorge Mattoso, Marco Aurélio Garcia e Tullo Vigevani

Adolfo Gilly é um cidadão latino-americano. Nascido na Argentina, militou na Colômbia e Guatemala, onde teve destacada participação na luta revolucionária nos anos 60. Desde há muitos anos reside no México, país em que desenvolve intensa atividade intelectual como professor da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade Nacional Autônoma, e política, como membro do Comitê Executivo Nacional do PRD, Partido da Revolução Democrática.

Ex-membro da IV Internacional Gilly se apresenta hoje como socialista e marxista. Intelectual prolífico, produziu centenas de livros e artigos, dentre os quais uma das mais sugestivas análises do México contemporâneo, La revolución interrumpida.

Este homem afável e cultivado, cujos anos de prisão no México retemperaram a paixão pela política, veio a São Paulo no final do ano passado para participar de um congresso de historiadores latino-americanos. Ele aproveitou a ocasião para manter vários encontros com Lula e, a direção do PT, reiterando o convite de Cuauhtémoc Cárdenas, presidente do PRD, para que o Partido dos Trabalhadores participasse de seu congresso.

O PT foi representado na ocasião pelo seu secretário de Relações Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e por Jorge Mattoso, da Secretaria de Relações Internacionais. Os dois puderam constatar in loco a importância política e a significação social deste partido. Compreenderam melhor por que Cárdenas esteve a ponto de vencer as eleições presidenciais mexicanas e todo o potencial que ele mantém neste país-chave da América Latina.

Estes encontros serviram para estreitar ainda mais as relações PT-PRD, iniciadas em Houston, Estados Unidos, em julho do ano passado, quando Lula e Cárdenas se encontraram como principais personalidades da reunião paralela à cúpula dos dirigentes dos sete países mais ricos do mundo.

Em São Paulo, Gilly, que acaba de assumir as funções de secretário de Assuntos Políticos na Executiva do PRD, falou sobre o seu país, o sem partido e outros temas palpitantes. Os trechos mais importantes de seu depoimento para Teoria& Debate, concedido a Marco Aurélio Garcia, João Machado, Tullo Vigevani e Jorge Mattoso, são a seguir transcritos.

O PRD é um partido novo, pouco conhecido no Brasil, que poderia ser classificado como uma organização da nova geração da esquerda latino-americana. Está certa esta qualificação?

Creio que é certa. É um nome preciso - Partido da Revolução Democrática - em que estão unidas a palavra revolução e a palavra democracia. Da agremiação fazem parte as novas correntes democráticas e de esquerda que estão aparecendo em toda a América Latina. Estas correntes têm várias tradições: a socialista em suas diversas variantes; a antiimperialista; as grandes tradições agrárias e populares; a da Teologia da Libertação e de movimentos cristãos de base, que são muitos fortes em nossos países; e as da Revolução Cubana e do sandinismo. Mas o partido não é simplesmente uma soma aritmética dessas tradições. Está se criando uma nova resposta à reestruturação capitalista, à exclusão da grande maioria da população dos direitos democráticos e sociais, à situação de fome, ignorância e miséria agravada nos últimos anos no continente. É bastante significativo que nas duas maiores nações da América Latina tenham surgido correntes com notáveis semelhanças, como o Partido dos Trabalhadores, no Brasil, e o Partido da Revolução Democrática, no México. A nossa revolução democrática relaciona-se com as revoluções anti-autoritárias e democráticas na Europa do Leste, independente dos rumos que possam tomar ou que tomaram esses processos. Nós também somos contra a existência de partidos de Estado e reivindicamos direitos civis, sociais e sindicais. Creio que lutamos por algo que chamo de democracia radical. Não sei se há diferença entre democracia radical e socialismo - a democracia radical supõe uma população auto-organizada, decidindo sobre todos os aspectos da vida econômica, política e cultural da sociedade. Esta é a definição que está em nossos documentos.

Como você vê a cisão do PRI (Partido Revolucionário Institucional), que governa o México há setenta anos? Como sugere o título de seu livro a Revolução Interrompida, esta ruptura se produziu pela frustração dos ideais revolucionários. Chama a atenção o fato de que a figura mais visível do PRD seja justamente o filho do ex-presidente Lázaro Cárdenas. Quais as linhas de continuidade com a revolução mexicana que o PRD retoma?

No pano de fundo de toda a política mexicana está a Revolução Mexicana, que durou de 1910 a 1920 e foi uma grande rebelião dos camponeses pela terra e de novos setores da burguesia pelo poder. A velha oligarquia agrária foi esmagada, derrotada pela convergência desses dois movimentos: o dos camponeses, que queriam a reforma agrária, e da burguesia mais moderna, que desejava ascender ao poder e transformar o Estado. O movimento durou dez anos, dez anos de guerra, de intervenção das massas por todo o país. No México, o Estado oligárquico não foi transformado, mas derrubado e destruído. Destruiu-se o exército, e as forças camponesas ocuparam a Cidade do México, a capital, entre dezembro de 1914 e fevereiro/março de 1915. Exércitos encabeçados por camponeses como Villa e Zapata, e não por intelectuais. Tudo isto marcou profundamente a história do país. A construção do novo Estado foi realizada pela burguesia surgida da revolução - ela foi a grande vencedora, porém teve que incluir nas leis e na Constituição concessões às demandas camponesas e operárias. A Constituição mexicana de 1917 tem um artigo que garante a educação pública, laica, para todos. Assegura a distribuição agrária, a posse da terra para o camponês que nela trabalha e a propriedade definitiva das minas e do petróleo para a nação. São garantidos, ainda, os direitos dos trabalhadores a um salário decente, à moradia, ao lazer, à jornada de trabalho de oito horas; e o documento proíbe o trabalho infantil. Desde 1917 tudo isso é matéria do Pacto Constitucional, não simplesmente matéria legal, e os movimentos populares exigem o cumprimento da Constituição e são protegidos por ela. Nesta dialética de demandas constitucionais, que servem também para integrar os movimentos operários, camponeses e populares ao Estado da burguesia, o México tem se movido desde então. E isto explica por que o partido do governo tem tido uma legitimidade tão prolongada. Nos anos 30, assumiu o poder o que chamaria de "ala radical " dos pós-revolucionários, com Lázaro Cárdenas. Durante seu governo foram distribuídos 20 milhões de hectares de terra, organizados sindicatos por indústria, estabelecidos os primeiros contratos coletivos de trabalho e realmente aplicados os direitos dos trabalhadores previstos pela Constituição. Grandes reformas foram feitas na educação. As escolas rurais eram centros culturais, cívicos e políticos que deviam colaborar com a reforma agrária e na distribuição da terra. Cantava-se A Internacional nas escolas, ensinavam-se elementos da história do socialismo e do movimento operário. Durante a Guerra Civil Espanhola, o governo apoiou a República: o México foi o único que enviou armas sem impor condições. Cárdenas deu asilo a Trotski.

Há mais uma coisa muito importante que unificou a nação: a expropriação das companhias petrolíferas americanas e inglesas. Ao nacionalizar o petróleo, o governo ganhou apoio de todos os setores, incluindo a direita. De modo que o governo de Cárdenas legitimou os governos pós-revolucionários ante os trabalhadores, os camponeses e a nação. E sobre esta base formou um partido único. Na 2a Guerra Mundial, a política mudou: vieram governos moderados e, logo depois, governos de direita. Mas mantiveram sempre, ainda que aplicando políticas conservadoras, a negociação com trabalhadores e camponeses e as promessas agrárias. A crise dos anos 80 rompeu com tudo isso iniciou-se, então, uma política de reestruturação do capitalismo mexicano, de acordo com a reestruturação do capitalismo mundial, que causou queda de salários, a rescisão dos contratos coletivos de trabalho, cortes nos gastos sociais, o agravamento das condições de moradia e das condições de vida. Foi essencialmente isto que provocou um acontecimento previsível: existia dentro do PRI um setor de esquerda que foi empurrado à ruptura por uma combinação de suas próprias convicções com o protesto permanente do povo contra a política do governo. Efetivamente, o rompimento foi desencadeado pela ala cardenista, que era muito pequena, cinco ou seis dirigentes. O principal deles é Cuauhtémoc Cárdenas, o filho do presidente Lázaro Cárdenas. Ele se candidatou à presidência em 1988, contra a política do governo; por uma nova reforma agrária; por aumento de salários; por direitos democráticos; pelo fim do partido único; pelos direitos humanos, que são constantemente violados no México; pela luta contra o imperialismo. Defendia a negociação conjunta da dívida externa de toda a América Latina e uma série de demandas democráticas e antiimperialistas. Em poucos meses, entre novembro de 1987 e março de 1988, sua candidatura se transformou em um movimento político de massas. O nome do candidato e a reivindicação de uma tradição revolucionária conhecida pelo povo mexicano foram muito importantes para que Cárdenas ganhasse a eleição em 1988, apesar das fraudes do governo. No decorrer da apuração dos votos, quando a tendência indicava que ele seria o vencedor, resolveram suspender a contagem por vários dias, até conseguirem ajeitar os resultados e dar a vitória a quem atualmente aparece como presidente do México. Nós chamamos isto de um "golpe de Estado técnico".

Cárdenas ganhou mas não levou, como se diz aqui no Brasil.

Houve grandes movimentos de trabalhadores e camponeses em 87 e 88 e movimentos estudantis em 86 e 87. Em fevereiro de 1988, uma parte da esquerda, incluindo um setor minoritário do PRT (partido trotskista) e a direção do movimento universitário, chamou os mexicanos a apoiar a candidatura de Cárdenas. Desta convergência nasceu posteriormente o PRD. O Partido Comunista se juntou quando só faltava um mês para a eleição. O PRT manteve sua candidata.

O PRD formou-se depois das eleições?

Formou-se, para a eleição, uma frente de vários partidos, alguns dos quais voltaram mais tarde a apoiar o governo. A ala esquerda que rompeu com o PRI e as outras esquerdas socialistas fundaram, um ano depois da eleição, em maio de 89, o PRD.

Quais foram os partidos que voltaram a apoiar o governo?

O PARM (Partido Autêntico da Revolução Mexicana), o Partido da Frente Cardenista e, de certo modo, o PPS (Partido Popular Socialista). Mas o PPS mantém uma certa independência. Sua idéia de socialismo é a do socialismo real. Eles são defensores do socialismo estatal e por isso mantêm boas relações com o Estado.

Você vincularia a crise do estado mexicano à crise do partido único?

A Revolução Mexicana, como todas as grandes revoluções deste século, fez nascer um partido de Estado. Um novo setor social, os "rancheros", tomou o poder e organizou, de dentro do Estado, seu próprio partido, que passou a mediar as relações com a sociedade. Assim como o Estado tem o monopólio da violência legítima, o partido do Estado tem o monopólio da política legítima. Esta fusão de política e Estado produz efeitos perversos. Ela dura enquanto estes regimes têm a legitimidade que lhes deu a revolução. Quando isto se esgota, estes regimes não têm meios de organizar uma alternância política nem uma sucessão. Entra em crise, então, a própria legitimidade do Estado. Este é o problema que enfrenta o governo mexicano. Ele gostaria de democratizar pouco a pouco o país, mas quer fazer também uma reestruturação capitalista. A primeira medida para democratizar o México é realizar eleições com voto direto, universal e secreto e assegurar a alternância no poder. Mas ele precisa derrotar as forças que se opõem à sua perestroika. Sem a alternância política, é muito difícil implantar liberdade de mercado e abertura para o capital estrangeiro. Este é o dilema do governo: como democratizar o país sem que seja derrotada sua política econômica e como seguir adiante com sua política econômica sem democratizar o país.

Como você vê a nova configuração da divisão internacional do trabalho? Na formação de um bloco dominado pelos Estados Unidos, o México seria um parceiro privilegiado?

Esta é uma das discussões que está sendo feita no PRD e nos movimentos que o apoiam. Acho que estamos assistindo a uma fantástica recomposição da economia e da política mundial. Está se desenhando uma nova política global para a América Latina. Durante o século XIX, a política de expansão dos Estados Unidos em nosso continente anexou 2 milhões de km2 do México. Metade do território mexicano foi incorporado aos EUA em 1848. Mais tarde, os Estados Unidos foram à guerra com a Espanha pela disputa de Cuba, ocuparam o Panamá e construíram o Canal. Do princípio deste século até os anos 30, os norte-americanos realizaram uma política de intervenção, por exemplo contra a Nicarágua de Sandino. Depois, veio a "política da boa vizinhança".

Com a Guerra Fria, surgiu a Doutrina de Segurança Nacional, foi selado, em 1948, o Tratado do Rio de Janeiro e criada a OEA (Organização dos Estados Americanos). Hoje esta política se esgotou. Os Estados Unidos não precisam enfrentar a suposta ameaça de uma guerra com a União Soviética ou um suposto avanço territorial do comunismo, mas uma nova concorrência com a Europa e com o Japão. Concordo com aqueles que dizem que a hegemonia dos EUA continuará e que as formas de organização capitalista se mostram mais dinâmicas e agressivas. Os Estados Unidos estão procurando uma nova relação com seu espaço preferencial. Isso se reflete na "Iniciativa das Américas", na proposta ainda vaga de um mercado comum para toda a América Latina. Os EUA, Canadá e México já formam um bloco comercial - um balão de ensaio que envolve 360 milhões de pessoas. Os 40 milhões de mexicanos que vivem na pobreza são o exército industrial de reserva que vai pressionar os salários americanos e canadenses. Vejo nisso a preparação para uma fusão enorme dos capitais financeiros dominantes nos três países, particularmente os americanos associados aos mexicanos. E ataques contra a classe trabalhadora desses países, que serão jogadas uma contra a outra: americanos contra mexicanos e ambos contra os canadenses. Finalmente, um ataque histórico como nunca se viu às posições ainda mantidas pelos trabalhadores americanos. Esta é a última fronteira que eles têm a conquistar: dissolver a classe trabalhadora americana, que já está muito golpeada, desmanchando-se diante das novas tecnologias, e converter o mercado de trabalho em um mercado sem normas. Se a coisa funcionar, será aplicada em toda a América Latina.

Qual é a resposta a isso?

A primeira é persistir na integração cultural e política da América Latina. A outra é enfrentar as leis da economia. Enquanto de 65% a 67 % do comércio externo mexicano é feito com os EUA, apenas 4% é com a América Latina. Então, é inútil dizer que vamos nos integrar com a AL, a questão é discutir sob condições totalmente diversas a relação econômica com os Estados Unidos. O livre-comércio deve incluir primeiramente a força de trabalho, as garantias aos trabalhadores mexicanos, a proteção às diversas produções, da mesma forma que aconteceu, em última instância, no Mercado Comum Europeu, que teve que tratar com classes trabalhadoras fortes. Aqui está-se caminhando para uma integração subordinada e selvagem. Por exemplo, os Estados Unidos querem desnacionalizar o petróleo mexicano, controlá-lo, mas o petróleo é a base do pacto da unidade nacional no México, não é qualquer coisa. A reação contra esta política tem de ser forte. Tivemos recentemente uma reunião da direção do PRD com dois deputados canadenses do New Democratic Party, ligado à Internacional Socialista, que ganhou as eleições para governador em Ontário, onde vive um terço da população do Canadá. Eles nos disseram que o Canadá negociou mal a integração: cedeu sem obter nada e, sobretudo, o petróleo canadense ficou sob o controle dos EUA. Eles disseram para resistirmos, pois "ainda que o governo jure que não vai negociar o petróleo, ele vai fazê-lo". Estamos elaborando as linhas gerais de uma resposta efetiva para estes problemas. Não podemos nos restringir a palavras de ordem: aumento de salários, defesa da indústria nacional etc.

Sobretudo porque há uma tendência muito grande dos setores ditos liberais de apresentar o discurso da esquerda vinculado aos velhos temas populistas dos anos 40 e 50. Um "nacionalismo arcaico", dissociado da necessidade de crescimento econômico.

Exatamente. Nossa proposta para o próximo congresso do PRD diz expressamente: "Não é possível voltar ao modelo de desenvolvimento dos anos 60. Os governos e políticos neoliberais são o produto do fracasso dessa política, nasceram dela, não podemos colocá-la como alternativa".

O discurso liberal é hoje apresentado como o único possível. Para o setor social-democrata de direita, o discurso " modernizante" faz efeito. Temos intelectuais, anteriormente progressistas e de esquerda, que, sem renegar o que diziam, hoje afirmam que a única saída é a modernização - só depois, teremos democracia e distribuição de renda.

Você poderia falar sobre a relação do PRD como movimento operário e sindical, com o movimento popular e camponês?

Acho que o PRD é, entre outras coisas, resultado dos movimentos sociais dos anos 80, que resistiram à política de austeridade e reestruturação do governo. Os camponeses ocupam terras e depois negociam com o governo - isso está previsto nas leis mexicanas. Eles são dirigidos por diversas organizações, algumas de esquerda. Mas eu diria que uma boa parte é dirigida pelo PRD e a base vota no PRD, seja qual for a sua direção. A primeira força que se voltou para o cardenismo foram os camponeses. O movimento operário é controlado pelo governo, através dos dirigentes sindicais. Tirando pequenas greves, de 3mil a 5 mil operários, não há mobilização. É muito difícil para os operários filiarem-se ao PRD. A base operária organizada no PRD é minoria. Mas na eleição presidencial, na Cidade do México, a votação operária favorável ao cardenismo foi muito grande. A fraqueza da organização operária do partido pesa no seu discurso e na sua política. A coerência, a lógica que vem dos trabalhadores, não podem ser substituídas por intelectuais. No setor estudantil é diferente: no auge da campanha organizamos um comício de 70 a 80 mil estudantes. Mas agora não acredito que aconteça a mesma coisa, as pessoas vão votar mas não estão mobilizadas. No setor urbano popular, que é muito forte, a grande maioria da direção do movimento organizado, que negocia com o governo, custa a definir-se pelo cardenismo. Uma de nossas questões principais é a relação com o movimento social, que hoje se dá apenas no plano político-eleitoral. Será que conseguiremos organizar uma conexão mais precisa com o partido, como a da CUT com o PT? Se não conseguirmos um movimento dos trabalhadores dessa grandeza, os direitos democráticos não serão conquistados somente com o voto.

João Machado é membro do Conselho de Redação de T&D.

Jorge Mattoso é membro da Secretaria de Relações Internacionais do PT.

Marco Aurélio Garcia é secretário de Relações Internacionais do PT.

Tullo Vigevani é diretor da revista Lua Nova, do Cedec.