Política
A boa provocação de Teoria e Debate tem tudo a ver com a amizade: aos nossos amigos desejamos sempre um feliz ano novo. Ao nosso "companheiro PT", desejamos felizes próximos trinta anos!
Certamente esse é um voto que seria consensual num PED imaginário com uma grande chapa unificada de amigos e amigas, companheiros e companheiras, que se descobriram como sujeitos, que se formaram politicamente, que se tornaram militantes da construção do PT.
Se podemos fazer esse voto de trinta felizes anos novos pela frente é porque temos a utopia da igualdade e da liberdade, do socialismo, presente na história e, portanto, no futuro do nosso partido. E essa utopia é tão presente porque a história do nosso PT se entrelaçou com a história e com o futuro do nosso povo. Como disse o socialista italiano que o fascismo tentou, em vão, silenciar nos cárceres, a história de um partido socialista só adquire sentido quando se liga de modo pleno à história da classe trabalhadora, à história de um povo e a uma época histórica.
No nosso caso, atravessamos uma difícil mudança de época e temos o desafio de contribuir para que outra se construa. E talvez seja este o nosso maior desafio como sujeito coletivo que luta para interferir no curso da história: lutar para que o socialismo possa ser uma hipótese real para a humanidade dentro dos próximos trinta anos! Lutar para a construção de uma nova época em que a necessidade do socialismo possa se encontrar, de novo, com a viabilidade histórica de sua realização.
Não há luta maior e mais necessária do que esta que nos orienta desde a fundação parte de um movimento muito mais amplo na luta dos trabalhadores de todo o mundo, que é a superação do capitalismo por uma comunidade de pessoas livres da opressão de Estado, classe, burocracias, fronteiras, fome, gênero, raça, destruições, preconceitos e egoísmos.
Não podemos desejar a um amigo um ano pior que o anterior ou só um pouquinho melhor. Muito menos podemos desejar ao nosso "companheiro de trinta anos" votos de feliz 2040... ainda sob o capitalismo!
É claro que um desejo só não basta, mas sem ele, sem a vontade criadora e sem a utopia os votos de felizes anos novos soariam como um rotineiro e conformista "bom dia".
Com o verso de nosso grande poeta Carlos Drummond de Andrade, devemos fazer um voto sincero a nós mesmos: "Oh vida futura! Nós te criaremos!"
José Eduardo Martins Cardozo, deputado federal (PT-SP)
