Política

Um partido com força nacional e militância aguerrida. É o que mostram os números do PT que saem das urnas em 2010

Com 55,7 milhões de votos no segundo turno, o povo brasileiro elegeu Dilma Rousseff a primeira mulher presidente da República, para dar continuidade aos avanços obtidos nos dois mandatos do presidente Lula.

Depois de conquistarmos 46,9% dos votos válidos no primeiro turno, vencemos a eleição no segundo em  quinze estados e no Distrito Federal, com 56,1% dos votos válidos.

Analisando os números da eleição em função do porte dos municípios, verificamos que Dilma venceu em todas as categorias, chegando a obter 61,1% dos votos válidos nos municípios entre 10 mil e 20 mil eleitores. O resultado foi relativamente homogêneo, pois o menor índice da candidata foi de 53,6% nos municípios acima de 150 mil eleitores.

46,9% no primeiro turno   

Faltou muito pouco para vencermos a eleição presidencial já no primeiro turno. Dilma obteve 47,6 milhões de votos, correspondentes a 46,9% dos votos válidos. Serra (PSDB) ficou em segundo lugar, com 33,1 milhões de votos (32,6%). Marina Silva (PV), na terceira posição, chegou a 19,6 milhões de votos (19,3%).

Os votos em branco para presidente cresceram muito pouco: de 2,7% em 2006 para 3,1% nesta elei ção. Os nulos ficaram estáveis: 5,7% em 2006 e 5,5% em 2010. A abstenção (eleitores que não compareceram para votar) se elevou ligeiramente: foi de 18,1% nesta eleição, contra 16,8% em 2006.

Os 46,9% dos votos válidos de Dilma são ligeiramente superiores à marca alcançada por Lula em 2002 e um  pouco inferior ao índice de 2006. Pela terceira vez consecutiva a candidatura do PT e aliados fica a poucos pontos de vencer as eleições no primeiro turno (gráfico nesta página).

Dilma teve seu melhor desempenho no Maranhão (70,6% dos votos válidos). Venceu Serra em dezoito estados e nos votos em trânsito. Já Serra ganhou em oito estados e no exterior, com melhor desempenho no Acre e em Roraima. Marina ficou na primeira posição no Distrito Federal e teve bom desempenho também no Rio de Janeiro.

Dilma tem a maior votação percentual nos médios e pequenos municípios. A votação da candidata cresce à medida que se reduz o porte do município. Teve um máximo de 56,9% naqueles entre 10 mil e 20 mil eleitores e um mínimo de 40,5% nos acima de 150 mil eleitores. Já Marina teve um comportamento inverso: maior votação nos grandes municípios (26,7%) e menor nos pequenos (8,8%). Serra ficou praticamente estável em todas as faixas.

56,1% no segundo turno 

Dilma foi eleita no segundo turno com 55,7 milhões de votos, equivalentes a 56,1% dos votos válidos. Já Serra obteve 43,7 milhões de votos (43,9%). O comparecimento foi um pouco menor: 78,5% dos eleitores votaram no segundo turno, contra 81,9% no primeiro, principalmente porque só houve segundo turno para governadores em nove estados. Os votos nulos para presidente reduziram-se para 4,4% e os em branco, para 2,3%.

No segundo turno Dilma aumenta sua votação em 8,1 milhões de votos, uma evolução de 17% em relação ao primeiro turno. Serra aumenta sua votação em 10,6 milhões de votos (mais 32%), mas ainda fica abaixo da votação de Dilma no primeiro turno. A diferença final é de 12 milhões de votos, equivalentes a 12,1% dos votos válidos.  Dilma vence Serra em dezesseis estados e no Distrito Federal. Os estados com maior votação percentual foram Amazonas (80,6% dos votos válidos), Maranhão (79,1%) e Ceará (77,4%).ão ganhamos em dez estados, mas a diferença foi pequena: somente em Roraima e no Acre obtivemos menos de 40% dos votos válidos.

No segundo turno a participação dos cinco maiores estados no total de votos de Dilma aumenta. Foram responsáveis por mais da metade desses votos São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco (que ultrapassou o Rio Grande do Sul, o quinto colocado no primeiro turno), que somaram 53,5% do total de votos de  Dilma. Os maiores avanços em númros absolutos em relação ao primeiro turno foram nesses estados: São Paulo, com mais de 1,7 milhão de votos, Rio e Minas, com mais 1,2 milhão cada um, Pernambuco, com mais de 710 mil, e Bahia, com mais de 550 mil.

Governos dos Estados

Nas eleições para governador, o PT, com somente dez candidatos próprios, obteve 19,6 milhões de votos, correspondentes a 20,1% dos votos válidos que disputou, tornando-se o segundo partido mais votado para esse cargo. Reelegemos os governos do Acre (agora com Tião Viana), Bahia (Jaques Wagner) e Sergipe (Marcelo Deda) e elegemos Tarso Genro no Rio Grande do Sul e Agnelo Queiroz no Distrito Federal, este no segundo turno. Tivemos ainda bom desempenho em Mato Grosso do Sul, onde atingimos 42,5% dos votos válidos no primeiro turno; no Pará, onde fomos ao segundo turno, mas não conseguimos nos reeleger, e em São Paulo (35,2%).

Com o apoio do PT, foram eleitos ainda cinco governadores pelo PSB: Cid Gomes (CE), Renato Casagrande (ES), Eduardo Campos (PE), Camilo Capiberibe (AP) e Wilson Martins  (PI); e três governadores pelo PMDB: Roseana Sarney (MA), Silval Barbosa (MT) e Sérgio Cabral (RJ). Nesses oito estados vitoriosos elegemos três vice-governadores do PT: Dora Nascimento (AP), Givaldo Vieira (ES) e Washington Luiz (MA).

O partido disputou as eleições para o Executivo estadual com dez candidatos próprios e totalizou 20,1% dos votos válidos, marca levemente inferior à de 2006, quando concorreu com dezoito candidatos próprios e registrou 26,7% dos votos válidos. Ficamos na segunda colocação em número de votos. O primeiro foi o PSDB, com 28,1 milhões de votos; em terceiro o PMDB, com 17,7 milhões; e na quarta colocação o PSB, com 11,2 milhões.

Senado

Para o Senado, o PT foi o primeiro colocado em número de votos.Conquistou 39,4 milhões de votos, disputando com 21 candidatos próprios. Esse total representa 23,1% dos votos válidos que disputamos.

Reelegemos Delcídio Amaral (MS) e Paulo Paim (RS) e elegemos nove novos senadores e senadoras: Jorge Viana (AC), Walter Pinheiro (BA), José Pimentel (CE), Humberto Costa (PE), Wellington Dias (PI), Gleisi Hoffmann (PR), Lindberg Farias (RJ), Ângela Portela (RR) e Marta Suplicy (SP). Nossa bancada a partir de 2011 será a segunda maior, com catorze senadores, pois contamos ainda com Eduardo Suplicy (SP), eleito em 2006, Aníbal Diniz (AC), que substituirá Tião Viana, e Ana Rita Esgário (ES), que substituirá Renato Casagrande (PSB). Foram eleitos ainda, com nosso apoio, dezoito senadores de outros partidos.

A base aliada do governo federal ficou com 74% das 54 vagas em disputa ao Senado. O PMDB elegeu quinze senadores; o PT, onze; PSB e PR, três cada; PDT e PP, dois; e PCdoB, PRB,PSC e PTB, um cada. A oposição fez  catorze senadores: PSDB (cinco); DEM, PP e PSOL (dois cada); e PMDB, PMN e PPS (um cada).

Cabe lembrar que ainda pode haver alteração nesse quadro, em função de julgamento de recursos pelo TSE/STF.

Câmara Federal 

Na Câmara dos Deputados, tivemos a maior votação pela terceira eleição consecutiva: 16,3 milhões de votos, equivalentes a 16,8% dos votos válidos.Elegemos 88 deputados e formamos a maior bancada da Casa. Assim, manteve a primeira colocação obtida a partir de 2002. O PMDB fica na segunda posição, com 12,5 milhões de votos (13%), e o PSDB em terceiro, com 11,9 milhões. O PR, com 7,32 milhões de votos, ficou na quarta posição, superando o DEM.

Os partidos da coligação que apoiaram Dilma Presidenta (PRB/PDT/PT/PMDB/PTN/PSC/PR/PTC/PSB/PCdoB) elegeram 310 depu­tados, ou 60% das vagas da casa. O PT cresceu 6% em número de deputados e volta à posição de maior bancada. O PMDB perdeu 11% e passa a ser a segunda bancada, com 79 deputados.

A oposição (PSDB, DEM, PPS e PSOL) elegeu 112 deputados. O PSDB perdeu 18% de deputados, mas mantém a terceira maior bancada.

Os partidos considerados “neutros” (não se constituem em oposição incondicional) terão 91 deputados. Desses, destacam-se o PP, com 41 deputados; o PTB, com 21; e o PV, com quinze.  Em 2010 o PT volta a ser o mais votado para deputado federal. Em 1998 o PT era o quarto colocado na votação para deputado federal. Em 2002 assumiu a primeira colocação, com uma vantagem de 4 pontos percentuais sobre os demais partidos.

Em 2006 perdeu 3,5%, mas manteve a liderança. Agora abre novamente uma vantagem de 3,8% sobre o PMDB, o segundo colocado. O PSDB, em queda desde 2002, vem na terceira posição, com 11,9% dos votos válidos. O DEM perdeu praticamente metade de seus votos desde 2002 e agora integra o segundo pelotão de partidos médios, cedendo a quarta colocação para o PR.  Legislativo estadual  Com 14,9 milhões de votos, o equivalente a 15,3% dos votos válidos, o PT retomou a posição, que ocupava na legislatura 2003-2006, de partido mais votado para os legislativos estaduais. O PSDB, com 13,1 milhões de votos (15,8%), foi o segundo partido mais votado e o PMDB ficou na terceira posição, com 11,3 milhões de votos(11,6%).  Elegemos 149 deputados estaduais e formamos a maior bancada de deputados estaduais/distritais. Crescemos 18% em relação a 2006. O PMDB perdeu 10% e ficou na segunda posição, praticamente empatado conosco, com 148 deputados. O PSDB elegeu 123 deputados, uma queda de 19%, conquistando a terceira posição. O PDT passou o DEM e ficou na quarto colocação.

Em 2002, O PT assumiu a primeira colocação, com boa vantagem sobre os demais partidos. Em 2006, perdeu 3,4% e passou à segunda colocação. Agora, recuperamos 2,3% e assumimos novamente a liderança,com 15,3% dos votos válidos. O PSDB vem em segundo lugar, com 13,3%,e o PMDB em terceiro, com 11,6%. O DEM, que se manteve estável de 2002 para 2006, perdeu espaço e foi para a sexta posição, ultrapassado por PDT e PSB.

Partido vitorioso

Saímos desta eleição com a presidenta da República eleita, a maior bancada na Câmara dos Deputados, a segunda maior bancada no Senado Federal, a terceira posição em número de governadores e a maior bancada nos legislativos estaduais.

Esse resultado, que mostra o PT como um dos maiores partidos brasileiros, com capilaridade em todo o território nacional, só foi possível graças ao esforço da militância petista, estes 1.409.794 filiados, de militantes nos movimentos sociais, nos sindicatos, nas associações de moradores, nas ONGs, nas igrejas, e em tantos outros espaços de convívio social, que saíram às ruas para convencer a população, para demonstrar a justeza de nossas propostas e nossa firmeza de ação em prol dos mais necessitados.

Temos agora o desafio de continuar a governar o Brasil e os vários estados onde fomos vencedores, junto com asforças políticas aliadas. No próximo período, vamos trabalhar firme para fortalecer a economia, erradicar a miséria e promover o desenvolvimento econômico com distribuição de renda. Vamos garantir a transparência na administração pública, valorizar a democracia e criar oportunidades iguais para todos os brasileiros e brasileiras.

Vamos consolidar os avanços que já conquistamos e construir um Brasil com mais trabalho, saúde, educação, segurança e desenvolvimento. Vamos nos empenhar para corresponder à confiança em nós depositada pelo povo brasileiro.

Paulo Frateschi é secretário Nacional de Organização do PT.