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O partido mais popular do Brasil também poderá ser o maior da Câmara dos Deputados

O partido mais popular do Brasil também poderá ser o maior da Câmara dos Deputados em 2011. O papel do PT no futuro Congresso, que sofrerá uma renovação superior a 40%, será estratégico, seja na sustentação ao governo Dilma Rousseff, como tudo indica, seja liderando a oposição, na hipótese pouco provável de eleição de José Serra.

O PT, caso recupere, como as pesquisas indicam, sua trajetória de crescimento –interrompida na eleição de 2006, única em que decresceu em relação à bancada anterior –, será o maior partido do Congresso na próxima legislatura. O segundo lugar já está garantido, e com pequena diferença, caso o PMDB se mantenha como o partido com maior número de assentos.

O Partido dos Trabalhadores, com apoio entre 25% a 30% do eleitorado, poderá ultrapassar a barreira dos cem deputados neste pleito, tornando-se a maior e mais coesa bancada da Câmara dos Deputados. A correlação entre simpatia popular e bancada eleita vem sendo fato em todas as eleições, desde que o PT elegeu sua primeira bancada, em 1982.

Esse fenômeno tem se confirmado, inclusive nos pleitos em que o partido não fez coligações nas décadas de 1980 e 1990 e, em consequência disso, não atingiu o quociente eleitoral em várias Unidades da Federação, especialmente nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

As coligações generalizadas neste pleito podem lhe tirar algumas vagas, mas, além de irem para outros partidos da base, não ofuscarão o expressivo crescimento na Câmara.

A prioridade do partido de eleger Dilma Rousseff presidente e grandes bancadas na Câmara e no Senado para dar-lhe sustentação política levou o PT a escalar para a disputa eleitoral no Congresso nomes históricos e com experiência administrativa e política e/ou com reconhecida liderança nos movimentos sociais, em face do papel histórico que terá como principal base da sucessora do presidente Lula no Poder Legislativo Federal.

Essa estratégia garante, de um lado, representatividade e, de outro, experiência e unidade política do partido, duas condições indispensáveis à governabilidade da futura presidente do Brasil. Os problemas vividos no primeiro governo Lula, que levaram à expulsão dos que fizeram oposição às reformas propostas pelo presidente, não se repetirão num eventual governo Dilma, tanto pelos vínculos históricos dos futuros deputados e senadores com o partido e o programa de governo quanto pela consciência dos parlamentares petistas da importância e necessidade de unidade política para o sucesso da gestão Dilma Rousseff.

Confirmada a condição de partido com o maior número de assentos na Câmara, combinada com as características da futura bancada – representatividade e coesão –,  estarão assegurados, além de governabilidade à administração de Dilma, que tudo indica será eleita em primeiro turno, a presidência da Câmara, o segundo cargo mais importante na linha sucessória.

O papel do PT no futuro Congresso, portanto, será fundamental. Segundo projeções, haverá uma renovação superior a 40% na atual composição, com crescimento da base de apoio ao governo e redução dos parlamentares de oposição, especialmente do DEM, tanto na Câmara quanto no Senado. Assim, o PT e o PMDB ocuparão as primeiras posições e o PSDB, o terceiro lugar nas duas casas. O DEM perderá a condição de segunda bancada no Senado e a de quarta na Câmara.

Em conclusão, seja como primeira ou segunda maior bancada, três coisas são certas para o PT no Congresso, confirmada a eleição de Dilma Rousseff: será o partido mais coeso, entre os grandes; terá os quadros mais qualificados, entre os partidos; e será o principal interlocutor do governo no Congresso. E isso, por si só, já é a consagração de um partido político.

Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e diretor de documentação do Diap