O problema da militância, num mundo marcado pelo aparente triunfo definitivo do capitalismo e derrota do socialismo, merece ser tratado de forma menos aligeirada pelos que ainda acreditam na possibilidade da ação política, no milagre da intervenção generosa do homem em busca de novos patamares de existência, contrapostos aos que hoje desumanizam a Terra. A euforia capitalista confere sustentação ao crescimento de um feroz individualismo, tendente a desconsiderar quaisquer proposições que valorizem o coletivo ou, dito de outra forma, que vejam o indivíduo como parte de um todo complexo e do qual ele depende para se realizar como humano.(1)
Não se desconheça que o espaço da militância tradicional se reduziu face, entre outros aspectos, às profundas mudanças políticas dos anos recentes, cujo marco mais reluzente é a queda do Muro de Berlim, em 1989, embora os fundamentos de tais mudanças possam ser encontrados muito antes, mais exatamente a partir das alterações ocorridas na base produtiva com a revolução científica e tecnológica, que deslancha já no final dos anos 70. O fenômeno de uma intensa globalização da economia modificou muito a noção de Estado herdada da revolução burguesa, obrigando todos a repensar a atividade política, hoje sob a mão de ferro da economia. (2)
A impressionante explosão dos meios de comunicação de massa nos últimos anos e sua imbricação com a informática, transformando tudo em redes telemáticas, por intermédio das quais o homem contemporâneo passa a se comunicar com o outro pela tela - diretamente, teclando, ou assistindo - modificou profundamente os padrões de sociabilidade, diminuindo muito o peso das ruas, das assembléias, dificultando a mobilização direta(3). Se se considera, ainda, o fato de que o desenvolvimento econômico hoje, ao invés de concentrar trabalhadores, dispersa-os, deixando-nos distantes do proletariado concentrado em grandes unidades, tem-se um cenário nada favorável ao desenvolvimento e crescimento da militância.
Esse cenário, em seu conjunto, implodiu a fórmula clássica de partido, sem que se tenha encontrado, ainda, uma outra que a substitua de modo inteiramente apropriado. Os meios de comunicação, em especial os televisivos, denominados aqui e acolá, com mais ou menos propriedade, de partidos eletrônicos(4), exercem a função, mais que tudo, de provocar a aclamação da agenda dominante, não sendo, claro, instrumentos de transformações, senão daquelas requeridas pelo modo de produção capitalista, das permanentes mutações de suas mercadorias, de obsolescências cada vez mais curtas e mais planejadas. Afirma-se isso com o propósito de fixar o que é essencial, dominante, em relação ao papel desses meios. Não se pretende, no entanto, reduzi-los a tal papel. É evidente que sentidos diversos dos da agenda dominante são veiculados por eles, tanto como decorrência do fato de lidarem com uma mercadoria muito explosiva, a notícia, como porque não podem simplesmente ignorar a presença dos de baixo, da esfera pública plebéia, sobretudo quando esta se mostra ativa.
Tais meios conflitam, até certo ponto, inclusive com os partidos da ordem, pois, de alguma forma, lhes são roubadas algumas prerrogativas de representação. Muitas vezes, o partido eletrônico, positiva ou negativamente, se antecipa aos partidos e ao Parlamento, assumindo-se como porta-voz de demandas antes da competência estrita da esfera política. Os partidos clássicos ocidentais estão em xeque, e tanto mais quando o neoliberalismo superestima e deifica o mundo das trocas - o mercado, oligopolizado evidentemente - e condena ao mínimo o Estado, ao menos momentaneamente, enfraquecendo a política.
É em meio a essa moldura que se assiste à decadência, quando não ao fim, de um tipo especial de militante, aquele em torno do qual Hobsbawm(5) disse que, sem ele, a história do século XX poderia ser outra. Ele tem origem, grosso modo, em Lenin e seu partido centralizado, extremamente disciplinado, unido em torno de um programa e de algumas máximas simplificadas(6). Sem a pretensão de provocar polêmicas estéreis, arrisco-me a dizer que esse extraordinário militante, nascido em meio à preparação da Revolução Russa de 1917, esteve muito mais próximo da religião do que imaginava, sem que se dê a ela qualificativo de laica.
Naquele militante vivia não só o ente racional, herdeiro das Luzes Francesas, da Filosofia Alemã, da Economia Política Inglesa. Ali convivia um outro, positivamente quem sabe, o crente, o difusor de um novo e distante mundo, de um paraíso sem formato nítido, de uma terra de homens felizes, de um tempo de harmonia, e só não digo sem pecado para não exagerar na comparação e comprar brigas gratuitas. Digo mais: talvez predominasse mais o homem religioso, esse estranho ser que renegava Deus sendo praticante de um tipo especial de religião, do que o partidário do socialismo científico. Digo tudo isso não para tentar encontrar qualquer essência religiosa em todo homem - não sendo crente, não me considero competente para realizar essa discussão -, mas para buscar as razões que levaram esse militante a ser o que foi.
Ele era, antes de tudo, o soldado de uma causa, o homem do partido, pretensamente o protótipo do homem novo. Extremamente ideologizado, sempre dava razão ao partido ou, no mais das vezes, ao homem que o encamasse - Lenin, Stalin, Mao, Prestes, Togliatti, tantos outros. O espírito polêmico, contraditório, universalista, libertário de Marx submergia sob o peso da ideologia da Organização ou do homem que se pretendia a encarnação do espírito da razão revolucionária que, naturalmente, não podia errar.
Este homem, herdeiro, para pensar mais remotamente, da intrepidez do assalto aos céus dos combatentes da Comuna de Paris ou das barricadas européias de meados do século XIX, e mais próximo de nós, de Sierra Maestra, de Fidel, de Guevara, ou do Vietnã, de Ho Chi Minh, só podia ser o que foi, defendesse a via pacífica ou armada, se movido por uma certeza: o futuro não reservava surpresas, não importavam as dificuldades do presente. Talvez por isso tenha se desenvolvido, ou sido aceito, o princípio de que o fim - a revolução, a nova sociedade - justificava os meios, quaisquer que fossem. Com esta concepção ele foi educado para o sacrifício, não só para aquele específico que circunstâncias históricas inevitavelmente exigem e que a luta suscita, mas para outro, que podia implicar a aceitação passiva de sua morte.
Morte, aqui, pode ser entendida tanto literalmente quanto no plano simbólico, uma e outra ligadas parcialmente ao auto-sacrifício. São variados os testemunhos que dão conta da aceitação passiva de fuzilamento sob Stalin, o nº1, porque, acreditava-se, ele não podia errar. O suicídio foi outro caminho para muitos dos que se viram renegados pelo partido na URSS stalinista. "Para que viver se o partido nos recusa o direito de servir?"(6). Menos conhecidas, porque não tão trágicas, são as mortes em vida, como a daquele militante que, sem meios, coragem ou clareza política para mudar o curso dogmático e autoritário da Organização, refugia-se em sua dor solitária, muitas vezes no pretenso universo da não-política, da inação, que lhe retira o élan vital, o brilho nos olhos, a alegria de viver. Não nos ocuparemos aqui dos que ressuscitam do outro lado, dos que descobrem as delícias e facilidades do poder conservador, dos que, tardiamente ou não, revelam-se insuspeitados liberais, dado o objetivo do nosso texto, voltado para a compreensão do fenômeno do tradicional militante de esquerda do século XX e seu ocaso neste final de milênio.
Focou-se assim, no interior de partidos quase militarizados, e tanto por circunstâncias históricas adversas quanto por um modelo que se copiava rigidamente, uma espécie de homem de aço. Determinado, capaz de a tudo suportar, de não se incomodar com o sofrimento, de jogar todas as suas fichas no futuro, de se imolar em favor do porvir, de sufocar a individualidade - seus gostos, seus prazeres, seus amores, seu tempo livre, tudo - em nome de um coletivo construído teoricamente pelo partido. Que classifica como pequeno-burguês ou burguês tudo aquilo que não seja capaz de se dissolver no universo da coletividade.
Claro que estamos falando de um modelo ou, quem sabe, de um mito, que pode ser, e era, exemplificado num Lenin, numa Rosa Luxemburgo, num Stalin - este, por mais que estranhemos hoje, já foi o guia genial dos povos. Mas era atrás desse mito que se corria. Não seguir os passos dele era pecado mortal. Mirando-o, era possível ser um bom militante: humilde, disciplinado, ousado para levar adiante as tarefas que lhe eram confiadas, capaz de guardar para si as feridas internas da Organização.
Nesse militante conviviam tanto o lado sacrifical quanto uma perspectiva heróica, que eram irmãos siameses. A Revolução Russa, uma revolução contra O Capital, no dizer de Gramsci, pelo fato de ser feita num país de precário desenvolvimento das forças produtivas, deu ênfase à noção de que os homens é que fazem a história e estimulou uma visão profundamente voluntarista no sentido de conferir à vontade dos homens um extraordinário poder demiúrgico.
Marx, quando disse que os homens fazem a sua história, acrescentou que eles faziam-na sob determinadas circunstâncias(7). A Revolução Russa só na aparência é resultado da vontade e determinação exclusivas dos revolucionários profissionais dirigidos por Lenin. Na verdade, a principal virtude deles foi a de ter aproveitado as circunstâncias favoráveis que se lhes eram oferecidas. Pode-se dizer que desde 1905 aquela era a crônica de uma revolução anunciada. Lenin, com seu gênio de político, soube compreender a oportunidade que se punha à sua frente e não deixou passá-la.
Tais considerações teóricas, no entanto, seriam absolutamente inoportunas para a necessidade que se tinha de um tipo de militante que visse em si mesmo, sem qualquer dúvida, o agente da história que, de alguma forma, ele acabou sendo neste século XX, o militante capaz do heroísmo extremado de dar a própria vida em nome da causa justa. Não se pretende, obviamente, desdenhar do inegável heroísmo dos revolucionários, da dignidade que milhares deles tiveram diante dos carrascos e torturadores de todo o mundo. Apenas se tenta traçar um perfil deste homem de aço que se tentou formar ao longo deste século, este homem capaz de colocar a história a seus pés, ou ao menos que cultivava tal pretensão.
O partido de revolucionários profissionais, nascido, da experiência da Rússia czarista, gestou uma burocracia autocrática e capaz de todos os golpes e horrores para se manter no poder. Registro que me refiro, nem que de passagem, à Rússia dos Czares, o faço com pretensão de deixar assinalada a existência de uma sólida base cultural e política para o autoritarismo, fortemente entranhado na sociedade russa. Stalin foi apenas o lado mais trágico e paroxístico desse modelo de partido. Antes que ele surgisse com sua face violenta e totalitária, Rosa Luxemburgo já alertara os bolcheviques, Lenin à frente, para os perigos da exclusão do pensamento divergente. Isso em 1918, sem que lhe dessem ouvidos(9) . Nos demais partidos de extração leninista, essa burocracia não fez por menos. Reproduzia-se no poder da máquina partidária à custa de golpes, autoritarismo, exclusões, anátemas. A massa de militantes, cujo senso crítico era pouco desenvolvido e nunca estimulado, em geral seguia os dirigentes sempre na perspectiva de que era melhor "errar com o partido do que acertar sem ele" e o partido, naturalmente, eram os burocratas que se encastelavam no poder. E esse burocrata afastava-se da realidade política e social que o cercava, e o seu mundo era apenas a Organização, a cujo poder ele se agarrava sob quaisquer argumentos. Há, assim, um modelo que gera tanto o burocrata dirigente como uma massa de militantes que o segue sem muita discussão.
Este militante, este revolucionário profissional, está a caminho da extinção neste fim de século. A rigor, os que sobrevivem são fantasmas dele, que ainda perambulam pelas ruas a acreditar na possibilidade da manutenção daquele modelo. Às vezes grita, dá ordem unida, recorre a uma espécie de disciplina avessa à política. Pensa ainda numa organização leninista ou, no limite extremo, stalinista. Imagina-se numa época que já passou. Saudoso, quer as massas na rua, o partido a guiá-las. E elas, insubmissas, não o obedecem. Quando o fazem, é por conta própria.
Seria pouco consequente, no entanto, fazer tábula rasa daquele militante. Sua dedicação à política, por caminhos ásperos e tortuosos, não pode ser esquecida. A política, ontem e hoje, só pode ser feita se contar com o ingrediente da paixão. Mas, para pensar o já de por si problemático conceito de vanguarda política que a existência do partido pressupõe, é essencial repensar a militância. Evidente que não dá para pensar a política, a esfera da vida pública, sem luta, sem conflitos. O militante de hoje terá, assim, que ter a coragem, como os gregos, de se lançar na vida política, correr os seus riscos - estes existirão sempre, salvo se acreditarmos na ficção do fim da história(10). A opção pela política, no entanto, não pode mais significar um esmagamento da individualidade, mas a sua afirmação. O indivíduo pode realizar-se no território do público, contribuindo para transformá-lo.
Parece não haver mais espaço para se reclamar a existência de homens de aço, de militantes portadores da crença de que, ao lado de uma pequena minoria, fazem a história. Não há mais espaço para cobrar sacrifícios. O que se acredita possível é a continuidade da ação política visando a modificação do mundo para melhor. Este novo militante certamente não tem as certezas do homem de aço. Não pode ter tanta convicção quanto ao futuro, pois o final do século demonstrou o quanto as indiscutíveis verdades de ontem eram discutíveis e frágeis. Sabe que o que há à frente são alternativas e não um inevitável porto paradisíaco a esperá-lo.
Felizmente, esse novo militante não crê mais cegamente em seus líderes, estabelecendo com eles um diálogo permanente, quando não até o confronto aberto. Sabe que terá que descobrir novos caminhos de mobilização, que seu partido não poderá mais insistir simplesmente em colocar o povo nas ruas. A sociedade da televivência - com a expansão não só da televisão como das rodovias de informação - suscita novos problemas para a política e para seus novos militantes, que ensinarão os velhos a transitar politicamente nesses meios, o que ainda não está claro. A conexão da guerrilha de Chiapas, no México, com a Internet, por meio da qual o movimento, com o subcomandante Marcos à frente, enviava suas mensagens políticas para o mundo, é um indício do que pode e deve ser feito com os novos meios no exercício da política na contemporaneidade.
Estamos falando do militante em geral, sequer nos arriscamos a tratar do partido de novo tipo que deve surgir das novas circunstâncias mundiais e locais. Imagina-se a existência de uma consciência a respeito da inadequação das velhas fórmulas partidárias à situação atual. Pode-se argumentar que a repulsa à política é estimulada pelos meios de comunicação, mas isso é só parcialmente verdadeiro e não modifica um cenário bastante desfavorável aos partidos. Se deixarmos de lado o Oriente e o fundamentalismo, essa crise dos partidos no Ocidente é mais ou menos generalizada.
A emergência de uma sociedade civil densa e plural, que vai se tornando um pressuposto da vida democrática nas sociedades ocidentais, coloca em xeque a pretensão partidária de representar todos os anseios e demandas sociais. No mínimo, os partidos deveriam perguntar-se por que as ações militantes mais radicais nos dias que correm são as desenvolvidas pelos movimentos ecológicos, como o Greenpeace, organizações bastante heterodoxas para os padrões partidários usuais. Ou por militantes preocupados com um adequado atendimento aos aidéticos, por exemplo. Isso revela que há um militante novo procurando o seu habitat. A mobilização promovida no Brasil por um Betinho, sujeita naturalmente a muitas discussões no que se refere à campanha contra a fome, mas positivamente muito ampla, indica o potencial de um novo tipo de militante, submetido não à disciplina da Organização clássica, mas a uma específica idéia mobilizadora, capaz de aqui e agora mitigar a fome dos miseráveis. Se isso é possível ou não, é outra história. O que se discute aqui é a emergência de um novo tipo de agente político.
Não há como desconhecer, ainda, a militância de milhares de pessoas nas organizações não-governamentais. Mesmo que surjam aqui e acolá sérios questionamentos sobre o papel que elas desempenham, especialmente na América Latina(11) não há dúvida de que há homens e mulheres, nessas organizações, empenhados em modificar o cenário de pobreza e miséria em que vive um gigantesco contingente da humanidade.
É preciso ter olhos para ver esse novo militante que surge. Só com os olhos abertos, com uma visão muito ampla, avessa a dogmatismos, a fórmulas prontas, é que os partidos de esquerda poderão também tê-lo em suas fileiras. Ou, o que é essencial nesses tempos plurais que vivemos, saber dialogar e atuar conjuntamente com essa nova militância sem necessariamente tê-la no interior do ou dos partidos. A militância de esquerda, pensada aqui de modo bastante amplo, não está mais circunscrita aos partidos, como já se disse. Estes precisam reencontrar-se, redefinir seus programas de acordo com as novas realidades mundial e local, repensar inteiramente o conceito de revolução nascido em 1917 e, com ele, o de uma organização centralizada e autoritária que dali emergiu. Se não o fizerem - e este texto não pretende dar conta da complexidade da formulação teórica em torno de novo partido (na verdade, partidos, já que se descarta por completo a visão do partido único, também uma ideia nascida a partir da experiência bolchevique) - então correm o risco não só de dividir os novos militantes com outras instâncias organizativas, o que é natural, como até mesmo experimentar um esvaziamento significativo, que hoje já não é pequeno.
Nada de saudosismos, de saudades de um tempo que não volta mais. O desafio, para os partidos, é o de, a partir de uma profunda reformulação programática e organizativa, oferecer aos novos militantes a redescoberta da aventura inigualável da política, a alegria de transformar o mundo em um território mais justo para todos em meio à sociedade informacional, que já está aí com suas ilimitadas possibilidades e seus extraordinários problemas. Aproveitar as potencialidades dessa nova realidade só será possível se houver entes políticos dispostos a tanto, sobretudo se por isso se entender trazer para dentro aqueles que estão sendo excluídos numa proporção cada vez mais assustadora. Só a reinvenção da política, só a redescoberta da paixão política, só a generosidade de uma nova militância pode assegurar que tal sociedade possa também significar um passo adiante na melhoria das condições de existência das maiorias e, quem sabe, criar aí, no interior dela, a base político-cultural de sua própria superação.
Emiliano José é jornalista, professor da Faculdade de Comunicação da UFBA, um dos autores de Lamarca - O Capitão da Guerrilha e militante político.
Notas
1. A este respeito ver Hobsbawm, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pg. 24.
2.Artigo de Renato Janine Ribeiro capta com impressionante acuidade esta realidade (Folha de S. Paulo, "Mais!", 15/10/95).
3.Esses novos padrões de sociabilidade são analisados em Rubim, Antônio Albino Canelas. "Sociabilidade, comunicação e política contemporâneas: sugestões para uma alternativa teórica." Textos de Cultura e Comunicação, Salvador, nº 27, pgs. 3-23, 1992.
4.Rocha Filho, Aloísio da Franca. "O espaço público eletrônico na transição e na democracia". Textos de Cultura e Comunicação, Salvador, nº 27 pgs.24-41, 1992.
5. Hobsbawm, obra citada, pgs.78-84.
6. A este respeito, a literatura é vasta. Recordo, no entanto, como referência básica o clássico O que fazer?, de Lenin, como ponto de partida para a compreensão deste partido de vanguarda, que marcou de modo impressionante o breve século XX. (ver Obras Escolhidas, vol. 1. São Paulo: Editora Alfa Ômega, pgs. 79-214)
7. Aqui a remissão é ao livro de Vietor Serge (Memórias de um Revolucionário. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, pg.224).
8. Conferir Marx, Karl. O 18 Brumário. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974, pg. 17.
9. "O socialismo, por sua própria natureza, não pode ser ditado, introduzido pelo comando (...) (Lenin), está completamente equivocado nos meios que emprega: decretos, o poder ditatorial do supervisor da fábrica (...), o governo através do terror. (...) Na realidade, o poder é executado por uma dúzia de mentes destacadas, enquanto a elite da classe trabalhadora é ocasionalmente convidada para as reuniões a fim de aplaudir os discursos dos líderes e aprovar por unanimidade as resoluções propostas. (...) A liberdade é sempre a daquele que pensa diferente". (ver Ettinger, Elzbieta. Rosa Luxemburgo: uma vida. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 1989, pg.243).
10. Hannah, Arendt, no seu A condição humana (Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993, pg. 45) considera a virtude da coragem como uma das atitudes políticas mais elementares. Sobre o fim da história ver Anderson, Perry. O fim da história de Hegel a Fukuyama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.
11. James Petras (Ensaios contra a ordem. São Paulo, 1995) tece ácidas críticas às ONGs, dando-as como ajustadas perfeitamente aos interesses dos ajustes neoliberais, como as meninas dos olhos do Banco Mundial. Ver especialmente as páginas 229-232.