Estante

Eu parto que nem ar,

sacudo os cabelos brancos ao sol

que se está indo embora,

derramo em remoinhos minha carne

e deixo-a flutuando em pontas rendilhadas.

Eu me planto no chão para crescer

com a relva que eu amo:

quando vocês de novo me quiserem,

é só me procurarem

debaixo da sola de seus sapatos.

Dificilmente saberão quem sou

ou o que eu quero dizer,

mas mesmo assim eu hei de ser para vocês

boa saúde, dando ao sangue de vocês

pureza e energia.

Se logo de saída não me acharem,

mantenham a coragem:

se me perderem num lugar, procurem

achar-me noutro:

em algum ponto eu hei de estar parado

à espera de vocês.

(tradução de Geir Campos)