Mundo do Trabalho

CIOSL - A Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres foi criada em novembro de 1949, como resultado de uma cisão na FSM, agrupando então entidades de 56 países, representando 48 milhões de trabalhadores. Surgida no quadro da Guerra Fria, a CIOSL chega ao ponto de proibir, de 1955 a 1970, seus filiados de manterem contato com os da FSM. Em 1951 é fundada a sua representação no continente americano: a Organização Regional Interamericana de Trabalhadores (ORIT), que será controlada pela Federação Americana do Trabalho (AFL) e o Congresso das Organizações Industriais (CIO) (que se fundirão em 1955). Esta influência da AFL-CIO, defensora do "sindicalismo de resultados", resultará no apoio da ORIT aos golpes militares no Brasil, no Chile e em outros países do continente. Além disso, paralelamente à ORIT, a AFL-CIO dsenvolve uma política de formação de dirigentes sindicais, dos quais Antonio Rogério Magri é um produto, por meio do Instituto Americano para o Desenvolvimento do Sindicalismo Livre (Iadesil).

Contrapondo-se à AFL-CIO, estão as centrais sindicais européias que defendem um sindicalismo autonômo e democrático, gerando uma disputa pela hegemonia na CIOSL, que ocasionou a saída da AFL-CIO, de 1969 a 1981, em razão do apoio da CIOSL à "distensão" (aproximação entre o Leste e o Oeste).

Sediada em Bruxelas (Bélgica), a CIOSL é hegemonicamente social-democrata, abrigando diversas visões políticas, sindicais e ideológicas. Condena o capitalismo e o comunismo e se propõe a "garantir a defesa da democracia no mundo e a liberdade das nações contra qualquer agressão totalitária ou imperialista".

Vem deixando de ser a central sindical das grandes potências para a ser a principal organização sindical mundial, em razão de uma política de apoio e solidariedade às entidades do Terceiro Mundo e, também, pela crise do Leste Europeu, cujas organizações têm a ela se filiado.

CMT - a Confederação Mundial do Trabalho é a menor e a mais antiga das centrais sindicais mundiais. É de orientação democrata-cristã. Fundada em 1920, com o nome de Central Internacional dos Sindicatos Cristãos (CISC), que manteve até 1968, ela surge inspirada pela Igreja Católica que, preocupada com a expansão do movimento operário após a Revolução Russa, passa a investir no movimento sindical.
Com sede em Bruxelas, a CMT possui um organismo regional na América Latina: a Confederação Latino-Americana de Trabalhadores (CLAT).

A CLAT, sediada em Caracas e criada em 1954, tem 12 federações profissionais a ela filiadas. A filiada brasileira da CMT é a Confederação Brasileira de Trabalhadores Cristãos. Suas filiadas são entidades minoritárias, de pouca representatividade e peso político.

Perdendo espaço dia a dia, a CMT vem adotando um discurso mais avançado. Defende o "humanismo cristão" e condena tanto o capitalismo como o comunismo, embora admita que, na América Latina, a "mudança social tem que ser anticapitalista e precisa eliminar da região a influência norte-americana". A sua prática, contudo, é contraditória, como, por exemplo, na Nicarágua, onde seus representantes, juntamente com os da ORIT, apoiaram publicamente a candidatura de Violeta Chamorro, em 1990.

FSM - a Federação Sindical Mundial foi fundada em 1945, com a participação de entidade de 56 países, representando 67 milhões de trabalhadores, entre elas o Congresso Britânico de Trade-Unions (TUC), a Federação Chinesa do Trabalho, a CGT francesa, o Conselho Central dos Sindicatos da URSS, o CIO, a Confederação dos Trabalhadores da América Latina. A AFL e a Cisc foram das poucas entidades representativas que não estiveram presentes. Resultado da "euforia da vitória aliada", a FSM logo propicia a hegemonia dos comunistas, que lhe imprimirão uma orientação de defesa das posições do "bloco socialista".

Assim, a Guerra Fria logo divide a FSM: o TUC, o CIO e sindicatos holandeses saem, em janeiro de 1949, por apoiarem o Plano Marshall. E mesmo no interior do "bloco socialista", a FSM nunca deixou de apoiar as posições soviéticas, como no episódio da expulsão dos sindicatos iugoslavos, por causa das divergências da URSS com Tito, em 1950.

Sediada em Praga (Tchecoslováquia), a FSM mantém, na América Latina, acordo de cooperação com o Congresso Permanente de Unidade Sindical dos Trabalhadores na América Latina (CPUSTAL), cuja principal entidade é a Central dos Trabalhadores Cubanos. Ela busca a "emancipação dos trabalhadores através da luta contra a exploração capitalista e o imperialismo". Tendo atuado como instrumento sindical de defesa dos interesses diplomáticos dos governos dos países do "bloco socialista", a FSM, incapaz de reação, se ressente gravemente da crise da Europa do Leste. Muitas centrais destes países estão rompendo relações com ela e se filiando ao CIOSL.

Dainis Karepovs é diretor do Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa.