Política

O totalitarismo adquiriu outras feições nos últimos anos, gerando uma escravidão em que os escravos se sentem gratos por ter a chance de contemplar o consumo alheio. Só um partido capaz de propor uma nova universalidade poderá fazer frente a esse processo.

 

"...que se lute para destruir um conformismo autoritário, agora defasado e embaraçoso e, através de uma fase de desenvolvimento de individualidade e personalidade crítica, se chegue ao homem coletivo, é uma concepção dialética difícil de compreender para mentalidades esquemáticas e abstratas."
Gramsci

As alucinantes mudanças da História recente superaram todas as imaginações e derrubaram todas as análises "prontas". Alguns se apegam às velhas proposições porque, para eles, já é tarde para mudar; outros pela simples devoção ao esquematismo e à estreiteza dos seus próprios horizontes culturais. Há alguns, finalmente, que são simplesmente conservadores e falam apenas a linguagem dos grandes do passado - como Lenin e Trotski -, sem agregar novas categorias postas pela vida, porque de outra forma se sentiriam inseguros para dialogar com uma sociedade mais complexa e variada. É preciso que, mesmo sob o risco de errar, coloquemos nosso esforço intelectual e nossa energia espiritual a serviço de uma nova elaboração teórica, compatível com as mudanças operadas nos últimos trinta anos. O capitalismo prepara a generalização da "sociedade informática", que tanto poderá ser totalitária, numa radicalidade jamais vista pela humanidade, como poderá gerar as condições para uma sociedade democrática e pluralista, aberta aos sujeitos sociais que se coloquem na perspectiva da luta pelo socialismo. Encarar seriamente a questão democrática, num mundo em que a ciência e a técnica sofisticam a dominação e podem constituir um novo "fascismo informatizado", é colocar no centro da disputa a reforma do Estado, como eixo em torno do qual as demais reformas sociais tornam-se algo capaz de desestabilizar a barbárie da dominação monopolista, que tende a aperfeiçoar-se rapidamente.

Quanto mais se acelera a produção mundial de bens supérfluos da "era eletrônica", ou seja, não imediatamente necessários à simples reprodução da vida, tanto mais difícil se torna a situação da classe operária tradicional como pretendente a exercer uma influência estratégica sobre as sociedades desenvolvidas ou em desenvolvimento. O conceito e a importância do trabalhador em geral, para a própria política, se alteram radicalmente num mundo submerso em um sistema de valores completamente diferente daquele da primeira metade do século. Alguns setores do mundo do trabalho se tornaram menos capazes de alterar os rumos do capitalismo e outros, emergentes, mais capazes objetivamente, mas subjetivamente menos interessados em modificar os caminhos do "progresso", tal qual ele se coloca neste fim de século.

Uma parte da massa trabalhadora integrada aos pólos mais modernos de desenvolvimento - a mais importante no processo produtivo - distancia-se, cada vez mais, da atmosfera que fez florescer no século 19 as idéias mais generosas que a humanidade moderna até então conhecera e que propunham instituir, pela revolução, uma sociedade sem classes.

A outra parte - aquela mais tradicional - que talvez tivesse nas fábricas de automóveis de Detroit, nas décadas de 50 e 60, o seu modelo de referência mais completo, reduziu sua importância, enquanto ser social, para a economia. Ela se torna rapidamente arcaica diante de um futuro que consagra a indústria eletrônica, aeroespacial, os serviços de tecnologia sofisticada, a pesquisa científica. biogenética e informática, como os elementos estratégicos da sociedade mundial, integrada cultural e economicamente pelas transnacionais e pelo sistema financeiro mundial.

A transferência de "mais valia", interna aos assalariados, concentra salários elevados nos setores da "classe trabalhadora" moderna, distanciando-os, pela renda e pela própria natureza da sua atividade, da atmosfera heróica do proletariado clássico que serviu de referência ao marxismo de Marx.

Crise do Proletariado

O velho proletariado (metalúrgico e das fábricas tradicionais), potencialmente revolucionário, foi capaz, num certo período, de universalizar minimamente uma visão do mundo através da solidariedade de classe. Hoje ele se torna estruturalmente mais corporativo, cada vez mais fechado em sua rotina alienada da fábrica, que tanto preocupou o velho Marx.

É possível que nos seus limites seja mais difícil, daqui para frente, que ele supere pela política a sua condição de mercadoria. Na maior cidade industrial da América Latina, a maior parte deste proletariado se reconhece em lideranças como a de Medeiros, apesar do esforço da esquerda para conquistá-lo: esgotado, pode tornar-se "conservador” e deixar de agir por motivações que não a disputa pelo preço da sua força de trabalho. Sua melhor possibilidade talvez seja a de ser hegemonizado por uma outra camada assalariada, mais capaz de forjar uma visão de mundo integral e moderna, ou seja, pelos assalariados daqueles setores produtivos vinculados ao futuro econômico da humanidade. No presente, a luta econômica "pura" não reproduz somente "luta econômica pura", como há vinte anos, mas tende a reproduzir também a acomodação conservadora gerada pelo "resultado", que mantém estes setores não jogados à marginalidade.

Esta possível nova "vanguarda" é assalariada, não-operária, no seu sentido clássico, e tem a possibilidade de ser a força motriz de uma nova ordem, "puxando" o velho proletariado para uma outra esfera de disputa, que tem na questão democrática e na liberdade seu centro político.

No momento em que "o velho sonho de fabricar máquinas pensantes, que aprendem com a experiência, começa a tomar forma na produção de um chip que simula um trabalho de cinco neurônios, as células básicas do cérebro humano" ("Neurônio de silício imita vida inteligente", revista Exame Informática, fev/92), abre-se, certamente, não só pelos fracassos do Leste, mas também pela barbárie cada vez maior presente nas necessidades do grande capital, uma nova era das lutas sociais. O aumento da pobreza, o poder econômico cada vez mais concentrado e o desenvolvimento tecnológico (a informática e a robótica, principalmente) exigem uma revisão radical das possibilidades do proletariado clássico no mundo moderno e mesmo uma nova abordagem da questão democrática, remetida para uma nova visão do poder.

Parece certo que a contribuição marxiana permanece extremamente atual em alguns pontos fundamentais para se compreender o presente: primeiro, a universalização do capitalismo unifica os destinos da humanidade enquanto história universal e, segundo, as necessidades e aspirações das classes sociais são um ponto de partida inquestionável para abordar o movimento histórico e interferir sobre ele.

As condições históricas reais do fim de século indicam um futuro diferente para os trabalhadores, cuja vitalidade política identificava sempre o socialismo com o "progresso econômico". O "progresso", tal qual se deu, não coloca a humanidade mais perto do "socialismo" ou do "comunismo" e sim mais longe; e, mais ainda, uma grande parte da massa trabalhadora, para sustentar-se enquanto tal - como "empregada" precisa opor-se ao desenvolvimento científico e tecnológico capaz de liberar mão-de-obra em volume jamais visto anteriormente, pois ele significa concentração da riqueza e não socialização do progresso.

Não há qualquer possibilidade para um projeto democrático de natureza socializante que não conte, pelo menos, com a adesão majoritária dos trabalhadores, seja daqueles que estão situados no parque industrial mais tradicional, seja daqueles que se vinculam aos setores mais dinâmicos e modernos, pois é precisamente a partir deles que a sociedade pode dar um outro sentido à economia e construir um novo Estado. A partir deles é que pode se constituir um novo poder democrático numa sociedade da "era eletrônica". É dali que saem os tratores para a lavoura, os "neurônios de silício" para o controle sobre os indivíduos e a informação sobre o mundo em movimento. Ou os indivíduos-cidadãos constroem um poder efetivamente democrático, controlando o Estado e construindo um outro, ou este Estado torna-se o sujeito tecnoburocrático a serviço de um modo de vida totalitário.

No futuro, as principais empresas - públicas suponho - de uma humanidade livre e democrática (se isso ocorrer) evidentemente serão "transnacionais". Massa de capital sob controle do homem através de um poder mundial democrático e federativo, que orientará as energias sociais, culturais e científicas, para a satisfação das necessidades humanas. Esta é a melhor possibilidade para o homem, mas hoje certamente a mais remota. A mundialização da economia garantiu apenas a mundialização da barbárie moderna e não criou, como pensava Marx, a unificação dos trabalhadores do mundo com base num projeto utópico-concreto. É com essa realidade que a esquerda deve lidar.

O "gerenciamento" político do mundo

Tudo indica que, em termos mais imediatos e atuais, "o desenvolvimento econômico e social futuro não apenas não reduzirá a influência das empresas multinacionais (apesar da crítica sempre repetida de que suas atividades favorecem o imperialismo e o neocolonialismo), mas, ao contrário, a aumentará, em conseqüência da tendência ao desenvolvimento de um sistema econômico global. Esta tendência converte as transnacionais em precursoras e, em certo sentido, em modelos da futura organização das relações econômicas.1

Este processo deixado à sua "normalidade" tende evidentemente para uma nova forma de totalitarismo "informatizado", pois a dominação das economias regionais, com base na sua sustentação política interna, cristalizará as diferenças de renda e de classe. Sua direção política precisará reduzir, cada vez mais, os espaços de participação democrática da sociedade para "vaciná-la" contra explosões sociais desagregadoras da dominação. Daí a importância de um aparato moderno e totalitário de convencimento e dissuasão - braço informal do Estado ampliado - de caráter "global" (em duplo sentido) que funcione como uma nova espécie de partido político moderno da era dos "monopólios informatizados", orientador e indutor coletivo das siglas dos políticos tradicionais. Sua melhor expressão organizativa são as grandes redes de comunicação.

No topo deste fenômeno mundial estão "os megaempresários, esses megadirigentes (que) mudam a sua organização e a sua articulação. É uma forma diferente de agir da época do Commitee for Economic Development, do Council for Relations e de outras estruturas internacionais. Nós estamos lidando agora com o que eu chamo de 'jet set telemático'. Assim como as ‘elites orgânicas' foram capazes de criar verdadeiras organizações políticas de pensamento estratégico (como a trilateral), agora, nos anos 90, as elites empresariais, militares, políticas, já não visualizam somente o espaço nacional e sua posição internacional, mas o planeta interligado.”2

Este processo remete necessariamente a uma revisão da velha política socialista que, ao abordar o interesse coletivo que deveria vincular todos os oprimidos - do mundo e dos países -, tinha como pressuposto um processo industrial capaz de universalizar rapidamente os bens mais modernos necessários à simples reprodução de uma vida sem complexidade: a casa, a roupa, o transporte, o alimento e um consumo cultural que empurrava o homem para a solidariedade.

Hoje, a parte da classe operária mais moderna e desenvolvida, logo, segundo o próprio Marx, aquela capaz de vanguardear as mudanças revolucionárias - os setores mais modernos da classe operária americana, alemã, inglesa, belga, suíça, francesa -, não se move senão na busca do consumo particular e para nós "supérfluo". Isso lhes retira a premissa de universalidade político-social para orientar as lutas tradicionais do socialismo. Ela não está dotada da ansiedade subjetiva de "quem não tem nada a perder mas um mundo a ganhar". Ao contrário, o "proletariado" mais moderno e mais importante historicamente, hoje, só teria a perder se o que resta do proletariado clássico se erguesse um pouco acima do corporativismo e colocasse em cena uma nova revolução. O vínculo da atividade produtiva separa os operários clássicos dos novos trabalhadores, e o consumo moderno reforça esta fragmentação. Hoje, o "produto é ao mesmo tempo mundial e particularizado pelas características de consumo de cada lugar. A era da massificação do produto, do cartão de crédito ao jeans, foi a década de 60 e a de 70. A de 80 é o recomeço da particularização. É o molho específico no hamburguer, é o toque francês no MacDonalds."3. Qual a política capaz de retomar a unidade subjetiva de uma classe cindida por sua experiência material de vida?

Se já era difícil aceitar, na época do capitalismo industrial atual (entre guerras), que mesmo dentro da classe operária todos poderiam se identificar com um "bem claramente visível", para usar uma expressão de Alec Nove (que tenderia a unificar a sociedade no caminho da perfeição) hoje isso se torna impossível no interior da classe operária mundial.

O conjunto dos trabalhadores do mundo - os operários ou mesmo as camadas trabalhadoras no interior do largo mundo do assalariados - tem atualmente interesses reais completamente distintos. Aquilo que foi sintoma nos operários da indústria bélica americana, a favor da guerra do Vietnã, não é mais simples sintoma, mas uma regra tão vigorosa como a identidade que permanece entre outras frações da classe trabalhadora, que não dependem de privilégios regionalizados. Mas os operários do Leste são um estorvo real para a comodidade dos seus colegas da Europa Ocidental.

Os seguidores do marxismo vulgar desprezam completamente esta nova realidade do capitalismo, por isso não conseguem propor alternativas. Já Lukács teve a sensibilidade de advertir, no seu ensaio clássico "A mudança de função do materialismo histórico", em História e consciência de classe, que a eternização do conceito leva à vulgaridade teórica: "O marxismo vulgar desprezou por completo esta diferença. O uso que fez do materialismo histórico incorreu no erro apontado por Marx à economia vulgar: tomou categorias puramente históricas, categorias da sociedade capitalista por categorias eternas."

As novas particularidades do mundo do trabalho, que são uma contra-tendência à unificação mundial dos interesses de classe do proletariado e do conjunto dos trabalhadores, existem, em maior ou menor grau, em países como o Brasil. Elas opõem os proletários clássicos não só aos assalariados das indústrias mais modernas - com profundas diferenças materiais e culturais - mas também, em países como o nosso, à massa lúmpen e semiproletária, que se articula marginalmente aos sindicatos e à política e que tem como momento de completo isolamento a criminalidade radical.

Um projeto contra a fragmentação

Face à fragmentação mais profunda da sociedade, que alimenta a sensação de isolamento dos indivíduos, faz-se necessária uma crítica mais complexa do individualismo, na qual esteja contido o "direito" ao particular e que passe a afirmar o indivíduo como elemento de uma nova e mais rica pluralidade. Não é de graça que o feminismo, o direito à livre expansão da sexualidade, à privacidade, as novas exigências de uma nova contracultura lúmpen ou semiproletária, se sentem ordinariamente marginalizados de uma esquerda que sempre pautou sua visão pela clássica análise da uniformidade objetiva da classe trabalhadora, impulsionada pelo próprio desenvolvimento do capitalismo: "A crítica ao individualismo é a crítica de um determinado individualismo, que se tornou anacrônico de anti-histórico. A ruptura desta concepção deve corresponder à afirmação de um novo individualismo cujo momento inicial é o desenvolvimento da individualidade como personalidade crítica. Este é o nó górdio da questão da democracia e do socialismo no presente."4

Não se trata, como quer Adam Schaff, em outro texto, de simplesmente colocar "os problemas do indivíduo e, por conseguinte, de seus interesses - coisa que foi omitida pela visão stalinista do socialismo -, sem perder de vista o contexto social e os condicionamentos."5Trata-se de compreender que a defesa de um projeto coletivo moderno do mundo do trabalho deve ter uma nova amplitude, em que o particular-individual caiba plenamente e possa se expandir através da multiplicidade de novas subjetividades mais ricas e mais complexas. É impossível haver um projeto que expresse o puro "somatório" de problemas individuais. Só a liberdade ampla de individualidades em expansão pode assegurar novas formas de relacionamento humano e social no bojo de uma nova ordem moral e intelectual de um projeto político.

A questão do Estado, que seja produto e, ao mesmo tempo, o estimulador e indutor desta política e de uma nova cultura, está no centro de um novo projeto socialista. A questão das liberdades e do pluralismo torna-se o elemento legitimante do seu poder coativo contra tudo o que é anti-humano, discriminante e opressivo, aspectos que já estão nuclearmente presentes nos Estados das atuais democracias monopolistas. A questão do controle público não estatal pelas diversas instâncias de representação da sociedade civil, a questão do "controle sobre os controladores", tanto da opinião como das estruturas dissuasórias e repressivas do Estado, e a questão da garantia de uma "cena pública" cada vez menos uniforme e mais plural são os elementos capazes de travar a barbárie do moderno totalitarismo.

Por isso o Estado deve responder "à velha pergunta que percorre toda a história do pensamento político: 'Quem custodia os custódios?' Hoje ela pode ser repetida com esta outra fórmula: 'Quem controla os controladores?' Se não conseguir encontrar uma resposta adequada a esta pergunta, a democracia, como advento do governo visível, estará perdida. Mais que de uma promessa não cumprida, estaríamos diante de uma tendência contrária às premissas: a tendência não ao máximo controle do poder por parte dos cidadãos, mas ao máximo controle dos súditos por parte do poder."6

A base objetiva do novo totalitarismo da futura "sociedade informática" é constituída de elementos primários que já se encontram entre nós. Um dos elementos da nova barbárie totalitária é a forma de integração dos monopólios com o Estado, através dos modernos meios de controle da comunicação, da cultura e da política. Este relacionamento transformou os monopólios de comunicação no verdadeiro "Comitê Central" do totalitarismo moderno. Eles são capazes de gerar uma escravidão onde os escravos se sintam gratos por poder contemplar o consumo alheio: as frestas da Casa Grande se socializam e a falsa universalidade, manipulada pela imagem, leva as massas a se sentirem alienadamente iguais.

Só um partido capaz de propor uma nova universalidade e fazer a maioria da sociedade visualizar um novo Estado e uma nova cidadania, poderá se contrapor com eficácia aos promotores da nova opressão e da nova barbárie. Ele deve ter como base inspiradora o mundo do trabalho e aí buscar sua massa militante. Deve ganhar a velha classe operária para um novo projeto e trazer os novos trabalhadores manuais, técnicos, científicos, intelectuais para uma outra utopia radicalmente democrática. Deve seduzir todos os indivíduos que se proponham a pensar e trabalhar pela emancipação humana.

Como disse Rudolf Bahro em seu livro A alternativa para uma crítica do socialismo real, "não um partido operário no sentido tradicional, há muito excessivamente restrito, mas uma associação de homens de todas as camadas e grupos da sociedade sobre os quais prevaleçam as instâncias de emancipação; não um partido de massas em que uma elite, autonomeada, manipula os membros como números, mas uma associação de indivíduos com igual competência, unidos pelos mesmos objetivos, pretendendo resolver os mesmos problemas; não uma corporação dos que sabem mais, fechada para a sociedade de modo sectário, mas uma comunidade revolucionária, aberta para a sociedade, à qual pode associar-se quem quer que persiga os mesmos objetivos".

Só um projeto revolucionário com reformas que unifiquem as diferentes frações do mundo do trabalho, e que as considere a partir da democratização radical do Estado, pode desenhar uma curva na História para subverter o direcionamento à barbárie.

Tarso Genro é vice-prefeito de Porto Alegre.