Internacional

O que se pode dizer é que na África do Sul, à imagem daquilo que o imperialismo realizou em outras partes do mundo, a desagregação foi organizada

"O mínimo que se pode dizer é que na África do Sul, à imagem daquilo que o imperialismo realizou em outras partes do continente africano e do mundo através das pretendidas transições, a desagregação foi organizada.

No quadro da nova Constituição, a África do Sul foi desmembrada em nove regiões, cada uma tendo seu poder governamental, detendo poderes resultantes de um verdadeiro desmembramento ''das estruturas nacionais relativas a agricultura, cultura, educação, saúde, meio ambiente, habitação, língua oficial, câmaras municipais, recursos naturais, polícia, transporte, comunicação, planejamento, estradas, turismo e serviços, entre outros.

Nesse quadro foi colocada em prática uma violência extraordinária que não cessou, colocando em questão, ao longo do processo de negociação, a unidade do povo negro.

Fez-se da constituição dos novos governos regionais, o objeto da disputa das relações de força, isto é, dos 'espaços conquistados' por milícias as sassinas, graças à violência. Foi as sim que se desencadeou a dinâmica da divisão, graças a uma etnização que não existia até então.

Antes das negociações Mandela-De Klerk, o Movimento da Consciência Negra sempre tinha conseguido comba ter o tribalismo e a divisão étnica. Ao longo do levante dos estudantes secundários em Soweto, em 1976, inspirado pelo Movimento da Consciência Negra, as pessoas estavam unidas e não havia divisão étnica. As pessoas agrupavam- se pela libertação do povo negro.

Nos últimos tempos vimos a face hedionda do tribalismo étnico retornar à África do Sul-Azânia, sob a máscara do Inkatha - uma organização que se reivindica da etnia Zulu, e que recebe apoio outros governos ocidentais. Vimos igualmente organizações progressistas, ou que se pretendam como tal, utilizar o particularismo étnico como base de mobilização, e assim desenvolver esse particularismo. A Azapo opõe-se a isso tudo".

Lybon Mabasa é secretário-geral da Azapo