Internacional

A aliança entre os EUA e Israel na guerra do Líbano expressa o desejo comum de um “novo Oriente Médio”, que se articula em dois planos. Um deles tem como centro as relações conflituosas de Israel com seus vizinhos, sua luta contra os palestinos e o objetivo de reforçar sua supremacia regional. O outro, mais geral, diz respeito à intenção de Bush de substituir os regimes hostis aos EUA por governantes submissos à vontade norte-americana

A agressão israelense ao Líbano deflagrou a terceira nova guerra na macrorregião do Oriente Médio e Ásia Central desde a posse de George W. Bush na Casa Branca, em janeiro de 2001. Primeiro, a expedição punitiva no Afeganistão; depois, a invasão e ocupação do Iraque; agora, o Líbano. Agregue-se a tudo isso a retomada da violência entre israelenses e palestinos a partir de dezembro com 2000, com a eclosão da segunda Intifada, e o resultado é um panorama inédito mesmo numa região rotineiramente convulsionada: quatro carnificinas simultâneas, sem que se vislumbre no horizonte qualquer lampejo de solução. Para piorar, já circulam, com insistência, notícias de que uma quinta guerra está sendo preparada nas planilhas do Pentágono. O alvo: o Irã.

A devastadora ofensiva israelense no Líbano deixou cerca de 1.300 mortos (quase todos, civis), 3.500 feridos e 1 milhão de refugiados, o equivalente à quarta parte da população (já as vítimas fatais israelenses, incomparavelmente menores, correspondem na sua grande maioria a militares). Boa parte da infra-estrutura libanesa foi destruída ou seriamente danificada; cidades e aldeias viraram montes de entulho. É evidente que a captura de dois soldados israelenses pelo Hizbollah, no dia 12 de julho, foi apenas o pretexto para a gigantesca operação bélica, decidida com antecedência a partir da garantia dos EUA de que Israel teria todo o apoio material e político para sua aventura.

Desde o início dos ataques, as autoridades dos dois países se mostraram integradas numa mesma estratégia. O representante dos EUA nas Nações Unidas, John Bolton, comportou-se como um segundo embaixador israelense, empenhado em impedir que o Conselho de Segurança condenasse a ofensiva no Líbano. Enquanto os norte-americanos despachavam a Israel generosos suprimentos de bombas e de combustível para aviação, a secretária de Estado Condoleezza Rice se referia ao sofrimento dos libaneses como “as dores do parto que antecedem um novo Oriente Médio”. Tanto Israel quanto os EUA rejeitaram todas as tentativas de um cessar-fogo no primeiro mês de combates e recuaram quando ficou evidente o fracasso da ofensiva. A meta era uma vitória militar israelense rápida e inequívoca, por mais terríveis que fossem as conseqüências humanas, como Condoleezza deixou claro em seu cínico comentário.

A estreita aliança entre os EUA e Israel na atual guerra do Líbano expressa, de fato, além da tradicional afinidade de interesses, o desejo comum de um “novo Oriente Médio”. Os objetivos compartilhados se articulam em dois planos. Um deles tem como centro as relações conflituosas de Israel com seus vizinhos ao norte – a Síria e o Líbano – e, é claro, sua luta contra os palestinos. O outro plano, mais geral, diz respeito à intenção da administração Bush de “redesenhar o mapa político do Oriente Médio”. Na prática, o que se pretende é substituir os regimes hostis aos EUA por governantes submissos à vontade norte-americana, tal como foi planejado na invasão do Iraque em 2003.

O objetivo estratégico de Israel é reforçar sua supremacia regional, por meio de uma vantagem militar tão esmagadora que nenhum adversário ouse sequer imaginar a possibilidade de um desafio. Trata-se de uma versão sionista das ambições expressas na “Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos” anunciada em 2002, a Doutrina Bush. A semelhança é mais que coincidência. Esse projeto israelense foi esboçado inicialmente num documento elaborado em 1996 por um grupo de ex-funcionários norte-americanos de linha neoconservadora, por encomenda de Bibi Netanyahu, então candidato a primeiro-ministro. O  relatório (Making a Clean Break: Defending the Realm) propõe uma “clara ruptura” com as políticas de segurança até então praticadas, um salto de qualidade que expressa uma visão bem mais agressiva sobre a “defesa” de Israel.

O naufrágio dos Acordos de Oslo abriu espaço para que Israel – primeiro no governo de Ariel Sharon e agora com seu sucessor e herdeiro político, Ehud Olmert – buscasse resolver o impasse com os palestinos em seus próprios termos, com a ajuda ativa de Washington. O sinal verde foi concedido em abril de 2004 numa troca de cartas entre Bush e Sharon. Na ocasião, o presidente norte-americano manifestou apoio à política israelense de consolidar os principais assentamentos israelenses na Cisjordânia e impedir o regresso dos refugiados palestinos. Desde então, as ações dos dois países se mostraram mais coordenadas do que nunca. A invasão do Líbano foi antecedida pelas sanções internacionais articuladas pelos EUA contra o povo palestino após a vitória eleitoral do Hamas e pela ofensiva israelense em Gaza, que provocou dezenas de mortes de civis e arrasou o pouco que restava da infraestrutura da Autoridade Palestina.

Nesse contexto, é lógico supor que o ataque maciço ao Líbano visa algo mais do que exterminar o Hizbollah e intimidar os inimigos do Estado judeu. Por trás da atual investida, existe provavelmente uma meta não declarada, que Israel persegue desde a invasão comandada por Ariel Sharon em 1982: controlar a política libanesa por meio da instalação de um governo próisraelense, dominado pela minoria cristã maronita. Naquela ocasião, os israelenses tiveram de se contentar com a expulsão de Yasser Arafat e da OLP. Mas mantiveram sob ocupação um naco do território libanês, no sul, onde sangraram durante 18 anos sob o fogo dos guerrilheiros do Hizbollah, até uma retirada, sem condições prévias, em 2000.

A ironia é que hoje Israel se vê diante de um inimigo gerado pelos seus próprios atos. O Hizbollah (Partido de Deus) é uma organização criada pelos xiitas do sul do Líbano para conduzir a resistência armada aos ocupantes israelenses. Quando um acordo pôs fim à guerra civil libanesa, em 1989, as diversas milícias étnicas, religiosas e políticas que tinham repartido entre si boa parte do país foram dissolvidas pelo governo nacional, reconstituído graças ao apoio das tropas sírias. Só o Hizbollah teve permissão para manter suas armas, necessárias diante da presença das tropas israelenses no sul. Os constantes bombardeios da força aérea de Israel naquela região levaram centenas de milhares de libaneses xiitas a fugir para o norte do país, formando novos bairros pobres na periferia de Beirute. Lá, o Hizbollah desfruta de um apoio popular amplo e entusiasta. O sucesso no combate a Israel – país que tinha derrotado até então todos os seus inimigos árabes – alargou o prestígio da organização, que hoje conta com 14 depu tados (num Parlamento de 128),  um ministro no governo, uma emissora de TV e uma vasta rede de serviços sociais.

O governo israelense calculava que os libaneses culpariam o Hizbollah pela tempestade de fogo que desabou sobre o país. Daí o alcance indiscriminado da sua ofensiva aérea, que destruiu ou inutilizou os portos e os aeroportos, 95% das pontes, 80% das estradas pavimentadas, a única refinaria de petróleo, emissoras de rádio e TV, delegacias de polícia, estações de telefonia celular. Esse é o preço que Israel está cobrando dos libaneses pelo convívio tranqüilo com o Hizbollah, ao qual chama de “terrorista”. Os bombardeios não pouparam nem mesmo os redutos das facções cristãs que haviam colaborado com os israelenses em 1982. O raciocínio é o mesmo que leva Israel a atormentar os palestinos dos territórios ocupados na expectativa de que eles se voltem contra as autoridades do Hamas, livremente eleitas. Israel esperava que os libaneses, exasperados, pressionassem seus governantes a agir contra o Hizbollah – algo que as autoridades de Beirute jamais fariam, pois romperia o delicado equilíbrio político que garantiu a paz nos últimos quinze anos. Em crise, o atual governo libanês seria então derrubado e substituído por fantoches de Israel.

Na realidade, ocorreu o contrário. A maioria dos libaneses reagiu da mesma maneira que qualquer outro povo em situação semelhante: com muita raiva dos agressores. Praticamente todas as forças políticas libanesas se uniram no repúdio ao ataque israelense. Mesmo os adversários domésticos do Hizbollah evitaram condenar a organização xiita por medo de ser acusados de traidores, cúmplices de Israel. Sem dúvida, o Hizbollah está sofrendo duros golpes, com a destruição de suas instalações e a morte de muitos militantes. Tudo indica, porém, que sua influência na sociedade libanesa sairá fortalecida. Seu líder, Hassan Nasrallah, está emergindo como o herói árabe mais popular desde Nasser. No longo prazo, é o Hizbollah, e não as elites sunitas e cristãs, quem tende a adquirir mais poder no Líbano. O xiitas, afinal, representam de 35% a 40% da população libanesa e possuem a taxa mais alta de fertilidade no país.

O fracasso americano-israelense terá conseqüências muito além do cenário local. Entre outros motivos, os EUA apoiaram o ataque ao Líbano como um meio de enfraquecer a Síria e o Irã, os dois últimos países do Oriente Médio que resistem à tentativa de afirmação do domínio norte-americano em escala global. O momento parecia oportuno para a Casa Branca, já que desviaria as atenções do público norte-americano justamente quando se avolumam as pressões por uma retirada das tropas do Iraque, diante do colossal fiasco da intervenção. Agora, a administração Bush se vê diante de um novo perigo: se Israel retomar a escalada dos bombardeios, pode gerar uma situação de anarquia no país devastado pelas bombas. “No Líbano”, comentou o ex-subsecretário de Estado Richard Murphy, “os EUA não querem um outro Estado falido. Nossa experiência com Estados falidos é horrível.”

A diplomacia dos EUA já tinha se aliado, em 2005, a uma parcela do  espectro político libanês para forçar a saída das tropas sírias, numa rara cartada bem-sucedida de Washington no Oriente Médio. No passo seguinte os EUA esperavam, como fruto da ação israelense, incorporar definitivamente o Líbano à sua esfera de influência, apartando-o da Síria. Deu tudo errado. Hoje, os mesmos libaneses que há um ano saíram às ruas na “Revolução do Cedro”, exigindo a retirada das tropas sírias em nome da autonomia nacional, encontram na Síria o único apoio efetivo na hora da desgraça. Enquanto as potências ocidentais se limitaram a retirar do Líbano seus próprios cidadãos, a Síria acolheu os refugiados, aos milhares. É inegável que, sem os sírios, o Líbano se viu indefeso diante do inimigo israelense.

A obsessão norte-americana com o Hizbollah tem como foco os vínculos entre essa organização e o governo islâmico do Irã. Ao contrário do que apregoa a imprensa pró-americana, o Hizbollah está longe de ser um grupo teleguiado pelos aiatolás iranianos. Mas recebe, sim, armas e ajuda financeira de Teerã. Do ponto de vista de Washington, esmagar os xiitas libaneses é uma forma indireta de golpear o Irã, esvaziando sua influência no Oriente Médio e preparando o terreno para um golpe de misericórdia, que talvez não demore.

Nenhum dos objetivos regionais dos EUA foi alcançado até agora. A Síria emergiu fortalecida ao se tornar evidente que, sem a sua participação, é inviável qualquer solução para a crise libanesa. O impasse trouxe de volta à cena o problema das Colinas de Golã, território sírio ocupado por Israel em 1967 e anexado ilegalmente. Do outro lado do cenário, os regimes conservadores árabes, alinhados com os EUA, perdem legitimidade a cada dia. Depois de um silêncio ensurdecedor nos primeiros dias da ofensiva israelense, os governos do Egito, da Jordânia e da Arábia Saudita tiveram de recuar de sua posição inicial de apoio tácito à agressão. Manifestaram uma solidariedade formal ao Líbano, enquanto torciam para que Israel esmagasse o Hizbollah. Esses regimes autocráticos encaram a milícia libanesa como um perigoso exemplo de rebeldia para suas próprias populações, diante das quais sentem um verdadeiro pânico.

Quanto ao Irã, seu prestígio junto à opinião pública dos países árabes não pára de crescer. O novo presidente iraniano,  Mahmoud Ahamadinejad, colhe os frutos do sucesso de sua política de apoio ostensivo aos árabes do Líbano e da Palestina nos embates com Israel. É uma tática ousada, que supera divisões étnicas (se você quiser ofender os iranianos, um povo persa, chame-os de árabes) e religiosas (a grande maioria dos árabes é sunita). Para surpresa geral, o regime xiita do Irã se destacou no período recente como o mais firme aliado dos palestinos do Hamas, um legítimo produto do fundamentalismo sunita. Essa postura provocativa gera o aumento da hostilidade americano-israelense em relação ao Irã, mas proporciona a conquista de simpatia entre os árabes para um confronto com os EUA, encarado como inevitável.

O Irã, cada vez mais, ocupa um lugar central nas preocupações geopolíticas dos dirigentes norte-americanos. Esse país tem uma enorme importância estratégica, pela situação geográfica (entre o Oriente Médio e a Ásia Central), pela capacidade militar e pelos valiosos recursos energéticos. O Irã possui a segunda maior reserva mundial de petróleo, atrás da Arábia Saudita e na frente do Iraque. Com tamanho tesouro no seu subsolo, o país dos aiatolás está fadado a desempenhar um papel-chave no mercado global de energia, onde os sinais de escassez de petróleo já fizeram os preços triplicar em menos de cinco anos.

Michael Klare, o principal estudioso das guerras por recursos, explica que o mais importante, no caso do Irã, não é só a dimensão das reservas petrolíferas, mas a perspectiva de um rápido aumento da produção. A Arábia Saudita, embora possua as maiores reservas, atualmente extrai petróleo num ritmo próximo do máximo que é possível sem danificar os poços. Não conseguirá expandir significativamente a produção nas próximas duas décadas. No entanto, a demanda mundial aumenta sem parar, impulsionada pelo consumo crescente na China, na Índia e nos EUA, entre outros países. Além do petróleo, o Irã abriga no seu subsolo imensos volumes de gás natural – cerca de 16% de todo o estoque mundial, com reservas inferiores apenas às da Rússia.

O petróleo e o gás não são simples commodities, regidas pelas leis do mercado, mas recursos econômicos essenciais no jogo do poder. (Hugo Chávez que o diga.) Os EUA consideram o controle das fontes mundiais de energia como uma prioridade no esforço de consolidar a posição que ocupam desde o fim da Guerra Fria como potência hegemônica em escala planetária. A Doutrina Bush apresenta, com extraordinária nitidez, a meta dos EUA de impedir o surgimento de qualquer competidor, mesmo que em âmbito apenas regional. Republicanos e democratas concordam que o “momento unipolar”, associado à dissolução da União Soviética e à apoteose norte-americana na primeira Guerra do Golfo, precisa ser perpetuado, a qualquer custo.

Isso significa que os EUA devem manter a Europa Ocidental em sua posição de vassalagem, ao mesmo tempo em que se empenham em impedir que a Rússia e a China – as duas potências que reúnem independência política e capacidade militar expressiva – obtenham os recursos necessários para desafiar o Império Americano num prazo previsível. O Oriente Médio, com seus recursos energéticos vitais, constitui uma peça-chave nesse tabuleiro estratégico. É “o centro de gravidade do Império”, como definiu Michael Ignatieff , um cientista político da Universidade Harvard engajado na defesa do “imperialismo benigno” dos EUA.

Aos olhos de Washington, a permanência do Irã como uma república islâmica, antiimperialista, inimiga jurada de Israel e parceira preferencial da China nos negócios do petróleo é um luxo que se tornou intolerável. Urge uma “mudança de regime” em Teerã, tal como a praticada – de forma incompleta, incompetente e tumultuada – em Bagdá. Mas os dirigentes iranianos observaram atentamente o destino de Saddam Hussein e não estão dispostos a amargar o mesmo fim. Na avaliação de Teerã, o Iraque foi derrotado com tanta facilidade porque Saddam, até o último momento, apostou que a “comunidade internacional”, com assento no Conselho de Segurança da ONU, impediria o ataque norte-americano. O Irã exorciza essa ilusão fatal se dotando dos seus próprios meios de defesa, principalmente o mais eficaz deles, a bomba atômica.

O repórter investigativo Seymour Hersh revelou em janeiro deste ano, na revista New Yorker, que a força aérea norte-americana estava realizando sigilosamente vôos de reconhecimento sobre o Irã, com a provável intenção de identificar instalações nucleares iranianas secretas que poderiam ser destruídas em futuros ataques. Encalacrados numa guerra impossível contra a resistência iraquiana, os EUA descartam, no momento, a idéia delirante de uma invasão terrestre no Irã. Mas têm planos para uma “mudança de regime” em Teerã, numa operação associada a um ataque com mísseis e aviões. Nada a ver com a promoção da democracia nem com a teoria capenga do “choque das civilizações”, e sim com interesses geopolíticos bem concretos: petróleo e influência regional.

Há quem duvide da capacidade norte-americana de sustentar o estilo agressivo que marcou o primeiro mandato de Bush Jr. Um pouco antes da nova guerra no Líbano, a revista Time publicou um artigo intitulado “O fim da diplomacia de caubói”. Seus autores argumentam que é impossível levar adiante a política ofensiva da Doutrina Bush enquanto os EUA estiverem tentando se desvencilhar do lodaçal iraquiano. “Se a derrubada de Saddam Hussein assinalou o ponto máximo da hegemonia dos EUA”, analisou a Time, “os últimos três anos testemunharam a constante erosão da capacidade de Washington de moldar o mundo conforme sua vontade.”

Por um lado, é realmente patético ver o maior colosso militar de todos os tempos, com um poder de fogo suficiente para derrotar qualquer exército do planeta, incapaz de controlar rebeliões populares no Terceiro Mundo. Por outro lado, o endosso norte-americano à invasão do Líbano – com os perigos apocalípticos inerentes a essa aventura, caso venha a desaguar numa guerra com a Síria e/ou o Irã que envolveria, logicamente, os EUA – está muito longe de confirmar a idéia otimista de que os neoconservadores da Casa Branca estariam dispostos a moderar seu apetite belicoso.

O verdadeiro teste da “diplomacia do caubói” virá quando se esgotarem os prazos estabelecidos pelos organismos internacionais para que o Irã interrompa seu programa de enriquecimento de urânio. A desvantagem iraniana é que ainda faltam cerca de cinco anos para que o país consiga fabricar uma bomba atômica em condições de uso. Nesse período, estará vulnerável a um bombardeio preventivo norte-americano ou  israelense. Mas a inexistência da capacidade de retaliação nuclear não significa que o Irã esteja à mercê dos seus predadores. Se atacados, os aiatolás iranianos mobilizarão todos os seus aliados no Oriente Médio para uma guerra assimétrica de vida ou morte contra os EUA, Israel & companhia. O conflito envolverá, entre outros, os movimentos xiitas pró- Teerã que hoje mantêm um matrimônio de conveniência com as forças de ocupação norte-americanas no Iraque, milícias tribais afegãs temporariamente pacificadas e, é claro, um Hizbollah fortalecido pelo holocausto libanês. Nesse momento terrível, todas as quatro atuais  guerras do Oriente Médio se fundirão numa só.

Igor Fuser é mestre em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação Santiago Dantas (da Unesp, Unicamp e PUC-SP) e professor de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero