A realização do 3° Congresso e do PED no ano de 2007 marcaram, mais uma vez, a presença decisiva da militância petista na definição dos rumos do PT.
Esse exemplo democrático continua sendo uma característica fundamental do nosso partido e uma fonte permanente de vitalidade e de pluralismo.
Por isso mesmo, um balanço, ainda que praticamente apenas inicie a análise dos processos do ano passado, deve ser um momento de olhar nossa experiência recente buscando aprender com ela e contribuir para avançar esse elemento tão decisivo e fundamental na história do PT que é nossa democracia interna. Nesse sentido, parece necessário destacar dois pontos essenciais.
Em primeiro lugar, a importância de mantermos a ligação entre o PED e o Congresso. Ainda que isso pareça óbvio, e como o PED envolveu um número bem mais elevado de participantes do que o Congresso - característica somada ao fato de o processo de eleições ter escolhido a nova direção do nosso partido -, há a possibilidade de desconexão dos dois processos.
Nosso Congresso estabeleceu um patamar elevado de diretrizes programáticas fundamentais para a atuação do PT nos dias atuais; o PED levou à nova direção maior representatividade, pluralismo e conhecimento da realidade do partido.
Nós achamos que é fundamental preservar o vínculo entre esses dois processos, e mais que isso: tratá-los como processos complementares. Esta foi nossa postura no PED: defender uma plataforma que, a nosso ver, concretizasse da melhor maneira as diretrizes congressuais. Esta construção - transformar posições definidas no Congresso em instrumentos de ação política do PT - deveria ter sido mais forte e presente no processo do PED. Agora ela se impõe como uma das tarefas centrais, senão a maior, entre as atribuições da nova direção do PT.
Um segundo aspecto que deve ser mencionado é a própria participação dos filiados e filiadas. Se em si representa uma grande demonstração de força e enraizamento social do PT, coloca também a questão de como torná-la permanente ou, pelo menos, muito freqüente na vida partidária. Esse debate organizativo é fundamental - e não foi plenamente realizado nem no Congresso nem no PED.
Pensamos que o debate sobre a participação de base contribui para enfrentarmos os diversos problemas e riscos que podem ser apontados no processo eleitoral. Um deles é o perigo da transformação de parcelas dos filiados e filiadas em meros apoiadores, em trazer para dentro do PT uma prática negativa dos modelos eleitorais tradicionais, que consiste em mobilizar eleitoralmente a base e desmobilizá-la política e organizativamente. Esse problema de fundo deve merecer toda a atenção da nova direção e ajuda muito a compreender outros aspectos negativos a ele relacionados.
O movimento Mensagem ao Partido, que me honrou com a escolha do meu nome para representá-lo na disputa da presidência nacional do PT, continuará a se esforçar para contribuir de forma crítica, criativa e fraterna para a busca de respostas aos grandes desafios que temos pela frente. Buscaremos construir posições e condutas partidárias em diálogo com as diversas opiniões dentro do partido, reforçando a base partidária e nossas instâncias de direção e aprofundando nosso compromisso socialista.
José Eduardo Cardozo é deputado federal, vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, foi candidato à presidência nacional do PT pela chapa Mensagem ao Partido.