Política

Esgotou-se a ação de uma única tendência na tentativa de dirigir e elaborar políticas

Está de parabéns a militância petista por sua disposição ao de­bate e sua preocupação com os rumos de nosso partido, tanto nos debates do 3° Congresso como no PED. Em todos esses momentos mostrou seu valor e sua determinação em colocar o PT como um partido estratégico.

Não há dúvidas de que o grande vitorioso desse processo é o PT, que se fortaleceu e ampliou. Atravessamos e superamos nossas turbulências, inter­nas e externas, a partir do resgate de nosso passado, da análise crítica sobre nosso presente e com a preocupação de boas resoluções para nosso futuro. Sabiamente, a esmagadora maioria de nossa militância rechaçou o equívoco daqueles que queriam um partido subalterno ao governo, ou um partido refém dos holerites. Ficou evidente que aqueles que começaram a negar ou tentar descaracterizar nosso parti­do saíram derrotados.

Outros dois aspectos marcam a vitória do PT. Primeiro, o papel que o partido joga na sucessão presidencial. Nenhum petista, seja de direção, seja de base, pode tergiversar ou titubear sobre esse tema - vamos ter candidato à Presidência da República, em 2010.

Em especial por seu papel no cenário político nacional, mas também para dar continuidade e aprofundar as re­formas no país. Como, por exemplo, na questão tributária, para diminuir a desigualdade e democratizar a rique­za, em mais investimentos nas áreas sociais, na reforma agrária e em um programa de educação que aposte tam­bém na qualidade do ensino. Afinal, nosso partido nasceu com o compro­misso de um projeto estratégico para o Brasil visando mudanças estruturais, e não só perfumarias de ocasião.

A segunda questão é: ainda que de maneira legítima, democrática e salutar para a vida interna do partido, as tendências - ouso dizer que todas elas - já não são as mesmas após esse PED. Ou passam a pensar o PT a partir de uma visão ampla de partido, das suas demandas e desafios enquanto agremiação como um todo, respei­tando sua pluralidade e diversidade, e não somente pela lógica do grupo, ou corremos o risco do gueto político. Ficou evidente que se esgotou a ação exclusiva de uma tendência na tenta­tiva de tomar para si o papel de dirigir e elaborar políticas.

Venceu, nesse PED, a visão de um partido de massas, que tem sua energia e sua força política calcadas na militân­cia de base. Aquela militância, que faz o PT no seu cotidiano, na escola, no trabalho, nas associações de bairro, no movimento sindical. Não é pouca coisa mobilizar mais de 300 mil filiados para decidir sobre os rumos do partido.

Esperamos que os dirigentes elei­tos no PED assumam o compromisso com a radicalização de nossa demo­cracia interna, a necessária implanta­ção da escola de formação, a criação de um código de ética e, principal­mente, com nossa atuação nos movi­mentos sociais, de maneira orgânica, a partir de orientações de instâncias internas do partido, como os núcleos de base, setoriais e diretórios.

No plano institucional, o calendá­rio político exige de todos nós maturi­dade e coesão para que o partido siga com a máxima unidade no processo eleitoral que se avizinha. Nas eleições 2008 temos como desafio eleger o maior número de prefeitos e vereado­res, com um programa que democrati­ze o Estado, tenha participação popu­lar e inverta prioridades. Serão nossas arrancadas para 2010: o cumprimento das deliberações do 3° Congresso e ex­pressiva vitória eleitoral este ano. Um desafio e tanto para as direções eleitas, em todos os níveis, em especial para a direção nacional.

Jilmar Tatto é deputado federal (PT-SP), candidato a presidente nacional do PT com a chapa Partido É pra Lutar; foi para o segundo turno do PED na disputa presidencial