Política

Instituto Cajamar foi criado em 1986 para conscientizar e formar a classe trabalhadora

Passado o período ditatorial, a abertura política propicia a reaglutinação dos diversos setores dos movimentos sociais. Em 1979, inicia-se a consolidação das organizações dos movimentos populares, que passou a ter seu próprio projeto político1. O PT e a CUT são resultados desse processo.

Localizado no quilômetro 46,5 da Via Anhanguera, no município de Cajamar, em São Paulo, o Instituto, batizado com o mesmo nome, foi fundado em julho de 1986 por um grupo de dirigentes partidários e sindicais, que compraram um antigo motel para criar a primeira universidade do trabalhador ou, então, um "centro elaborador e irradiador da práxis dos partidos políticos, dos sindicatos e dos movimentos populares em inteiração com os demais sujeitos sociais"2.

Os princípios do Inca estão em seu documento de criação: "Os que se sentem mais comprometidos na luta pela organização e conscientização autônoma da classe trabalhadora consideram fundamental contraporem-se a esse domínio ideológico imposto pela classe dominante. Por isso, julgam necessário que a classe trabalhadora crie e desenvolva seus próprios instrumentos de pesquisa e de formação, com métodos e objetivos capazes de levar à transformação da sociedade..."

Não são poucos os petistas em todo o país que passaram pelas atividades no Cajamar, desempenhando papel essencial na construção da política de formação política do PT, principalmente entre 1989 e 1992. Na opinião do historiador Alexandre Fortes, que integrou as equipes do Inca de 1991 a 1995, "aquele foi um momento de síntese e inovação muito intenso. Uma configuração emergente da classe trabalhadora brasileira marcava sua presença no cenário de redemocratização. As experiências de educação popular desenvolvidas desde os anos 1960 eram reelaboradas visando dar respostas aos novos desafios impostos pelo processo de construção de organizações representativas, como o PT e a CUT. Ao mesmo tempo, as atividades formativas constituíam-se em espaços fundamentais para o processamento, por parte dos militantes do partido e dos movimentos, da crise de referenciais teóricos da esquerda, gerada sobretudo pela queda do chamado `socialismo realmente existente' e pela ofensiva neoliberal que se seguiu".

O espaço físico de mais de 45 mil metros quadrados incluía uma biblioteca, salas de aula, dormitórios e refeitório. Pela Via Anhanguera passaram muitos e muitas. E foi tão marcante que não são poucos os estudos acadêmicos sobre sua história e significado. Ainda hoje funciona, podendo ser utilizado pelos movimentos e entidades que precisem de espaço para atividades de formação e eventos.