Política

Jaques Wagner escreve sobre o trigésimo aniversário do Partido dos Trabalhadores

Em nosso último Congresso, o presidente Lula exortou a militância petista a afirmar, sem medo de ser feliz, o orgulho pelo partido. Naquela altura era importante levantar a nossa autoestima, depois dos ataques da direita e de setores da imprensa que vaticinavam nosso fim. Hoje temos muitas outras razões para bater no peito com muito orgulho, como recomendara o presidente, elevando a estrela símbolo de nossa luta pela construção de um outro Brasil, sem explorados nem exploradores. Nascemos com olhos fixos no horizonte futuro, embalados pelos sonhos de uma nova geração, visceralmente comprometida com essa utopia libertadora e libertária.

A conquista de espaços institucionais, seja nos parlamentos, seja nas administrações de cidades e estados, até a eleição de 2002, fez-nos acumular muitas lições. Considero nosso maior desafio para as próximas décadas exatamente o exercício dessa capacidade de autocrítica e de mediação entre o partido e a institucionalidade. Desse exercício deve resultar um partido cada vez mais forte e organizado, capaz de manter-se íntegro em seus princípios fundamentais, enquanto dialoga permanentemente com a realidade e com todas as formas de organização da sociedade brasileira.

Devemos ter muito orgulho também de nossas diferenças. Mesmo que em determinados momentos elas nos empurrem para acirrados embates internos, nessa pluralidade descobrimos a maior riqueza do PT. Não somos um partido "samba de uma nota só". Nossa longevidade depende, em grande medida, do amadurecimento constante na convivência democrática com as divergências. Assim somos nós, petistas: singulares em nossa pluralidade.

Somos o partido de esquerda que começou a construir uma outra história para o Brasil, enquanto a avalanche do pensamento único tentava impor a ideia de fim da história. Hoje afirmamos isso em bom português para o mundo ouvir. E o mundo aprendeu a ouvir o povo brasileiro na voz do presidente Lula. Podemos, sim, bater no peito cheios de orgulho porque essa liderança personifica a luta de todos nós, transcendeu nossas fronteiras. É um líder global, que respeita e professa a soberania dos povos, que cobra a dívida dos países ricos para com os mais pobres e pratica uma política externa baseada na força do argumento, e não no argumento da força.

Somos o partido que conduziu, com os aliados históricos e novos aliados, a recuperação do papel do Estado. Somos o partido que viabilizou o crescimento econômico com distribuição de renda, que abriu caminho para a universalização do ensino e do acesso aos bens materiais e simbólicos, à cultura e à produção de conhecimento.

Somos o Partido dos Trabalhadores, e o nosso destino e missão é ser muito mais do que um intervalo produtivo entre governos conservadores. E haveremos de bem cumprir nossa tarefa pelas próximas décadas. Vida longa ao PT!

Jaques Wagner, governador da Bahia