Política
O PT do século 21 deve ter a mesma radicalidade do partido saído do seio das organizações de massa, quando Lula se disse convencido de que sindicato é para melhorar a relação capital trabalho; partido há para organizar a sociedade. E é nesse sentido que o PT deve ter como tarefa imediata dessa sua refundação o resgate do partido militante, substituindo o partido máquina eleitoral.
Nascemos diferentes dos demais partidos da esquerda, mas assumimos os dilemas da experiência soviética e parece que sucumbimos junto com ela, o que nos criou uma dificuldade adicional, que foi a exclusão do debate mundial a respeito da democracia, restrito ao capitalismo e liberalismo, passando por cima da mais elementar lógica, pois não há como falar em liberdades individuais sob um regime baseado na exploração do trabalho, com geração de riquezas em benefício de poucos e à custa da miséria de muitos.
Por isso, pelos próximos trinta anos o partido deve ser, ao mesmo tempo, o espaço institucional e revolucionário de combate ao modelo capitalista predador dos nossos recursos naturais; de defesa da luta das mulheres contra a opressão machista; de combate aos preconceitos arraigados na sociedade, notadamente o sexual e o racial; de combate à corrupção, esta, expressão do patrimonialismo que ainda hoje faz da nossa sociedade uma das mais desiguais do planeta; deve, ainda, fomentar uma visão internacionalista, com a crítica permanente à globalização capitalista, apto a ser um interlocutor dos movimentos vinculados a essa luta; deve, enfim, ter "um projeto pós-neoliberal na perspectiva socialista e internacionalista".
Como escreveu Eric Hobsbawm: "A função da busca de uma sociedade não é por um ponto final na História, mas abrir suas possibilidades desconhecidas e incognoscíveis a todos os homens e mulheres. Nesse sentido, a estrada que leva à utopia não está interrompida, felizmente, para a espécie humana".
Então, trata-se de reforçá-la, ampliá-la e pavimentá-la para um Mundo Melhor, onde nosso povo viva de forma mais justa, mais humana, próspera e feliz!
Ana Julia Carepa, governadora do estado do Pará
