Política

É hora de aproveitar a vitalidade do PT para tornar o projeto do partido mais efetivo e consolidar a mobilização da militância

A negação histórica da existência de um povo palestino, necessária para afirmar o status da terra como res nullius, como uma terra sem povo destinada ao povo a que fora prometida, mantém-se constante até hoje e é acompanhada da vilificação daqueles que estão “do outro lado”, daqueles menos civilizados, dos radicais, dos amantes da morte

Ricardo Berzoini coordena a comissão de reforma do Estatuto

Ricardo Berzoini coordena a comissão de reforma do Estatuto. Foto: Mario Agra/PT

A história do PT, em seus 31 anos de existência, já se inscreve na história da política brasileira como a mais rica experiência partidária do país, e uma das mais expressivas do mundo. O PT conquistou seu espaço na vida institucional brasileira, nos movimentos sociais, nos debates políticos e, principalmente, no imaginário político nacional.

Em suas formas de organização acumularam boas experiências práticas, cujo grau de democracia é muito maior que na cultura político-partidária tradicional. A realização de encontros, congressos, plenárias e eleições diretas para dirigentes permitiu uma intensidade efetiva de participação na vida interna do partido.

Portanto, devemos orgulhar-nos dessa trajetória e comemorar que tenha nos levado ao porte atual do PT. Além de centenas de municípios governados por nós, dos cinco governos estaduais que lideramos, governamos o Brasil pelo terceiro mandato consecutivo. Continuamos fortes nos movimentos e nas principais lutas sociais do país.

Com esse orgulho e reconhecimento, devemos também assumir uma postura crítica em relação aos aspectos organizativos do partido. O PT tem bem mais de 1 milhão de filiados, 500 mil votantes no processo eleitoral direto (PED). Mas, devemos reconhecer, não fomos capazes de estruturar um projeto organizativo da ação partidária coletivo, seja no âmbito nacional, seja no estadual ou municipal, com raras exceções. A proposta da escola nacional, em implantação, é um esforço considerável, mas como vincular a formação ao projeto organizativo?

Como estabelecer uma vida partidária interna, nacionalmente coordenada, sem depender das eleições, internas ou não? Como oferecer e cobrar, aos e dos filiados, uma postura ativa e participativa, de integração real aos objetivos partidários, para além das disputas eleitorais? Como estabelecer uma relação de sustentação material mais comprometida, que reduza a dependência do PT dos financiamentos privados? Enfim, como traduzir no documento que regula direitos e deveres petistas uma concepção de liberdade, compromisso e participação real no cotidiano partidário?

O PT está forte, como já dissemos, por sua disputa social, sua diversidade e seu projeto político, e sua imagem se fortaleceu nacionalmente com o sucesso do governo Lula. Por isso, é hora de aproveitar essa vitalidade para que o projeto partidário se torne mais efetivo, e tenhamos não apenas um cadastro de filiados, mas uma verdadeira capacidade de organizar, informar, formar e mobilizar milhares de pessoas.

O processo de reforma do estatuto do PT é a oportunidade para aperfei­çoar as conquistas desses 31 anos e dar um novo impulso ao crescimento do partido. A comissão que tenho a honra de coordenar é um instrumento organizativo para assegurar um amplo debate da militância sobre o novo marco estatutário, para que o partido se torne uma entidade ainda mais democrática e capaz de canalizar os desejos de todos e todas que fazem do PT um projeto de transformação social e cultural.

Ricardo Berzoini, deputado federal (PT-SP)