Analistas apocalípticos, que vislumbram o fim do mundo econômico, não aceitam o ciclo desenvolvimentista iniciado em 2003 e insistem na previsão do seu fim
Analistas apocalípticos, que vislumbram o fim do mundo econômico, não aceitam o ciclo desenvolvimentista iniciado em 2003 e insistem na previsão do seu fim
A negação histórica da existência de um povo palestino, necessária para afirmar o status da terra como res nullius, como uma terra sem povo destinada ao povo a que fora prometida, mantém-se constante até hoje e é acompanhada da vilificação daqueles que estão “do outro lado”, daqueles menos civilizados, dos radicais, dos amantes da morte
Previsões 2012: Brasil pode manter crescimento sustentado com redução da desigualdade. Marcelo Casal Jr./ABr
Na economia também não faltam analistas apocalípticos, que vislumbram a cada nova dificuldade o fim do mundo econômico, sem ver os avanços (e retrocessos) que as sociedades construíram, muitas vezes a duras penas. No Brasil, aqueles que não aceitam o novo ciclo desenvolvimentista aberto com as eleições de 2002 (e aprofundado após 2006) e que deu fim ao liberalismo dos anos 1980 e 1990, transformaram-se em verdadeiros arautos do apocalipse, insistindo nele a cada novo passo.
Mas, ao contrário das previsões catastrofistas, 2012 – dez anos depois do início da superação das “décadas perdidas” – apresenta para o Brasil, além das dificuldades (sempre existentes, em maior ou menor grau), a possibilidade real de enfrentá-las e dar continuidade ao recente crescimento econômico sustentado em meio a uma histórica redução das desigualdades.
O ano anterior
Ano de novidades e surpresas no campo macroeconômico, depois de um crescimento intenso do PIB em 2010 (7,5%), 2011 começou com um esforço de contenção da expansão econômica e de enfrentamento da elevação da inflação, embora esta não fosse determinada exclusivamente por variáveis internas e tivesse componentes resultantes da elevação internacional dos preços das commodities.
Desde que assumiu o governo federal em 2011, a nova administração buscou romper com iniciativas unilaterais e inflexíveis centradas unicamente na taxa de juros. Foram adotadas políticas macroprudenciais voltadas à regulação do crédito e outras visando à estabilização cambial, como a cobrança de IOF e a determinação de registro das operações com derivativos, o que objetivava uma entrada menor de recursos externos no país.
Mas para que essas políticas pudessem se consolidar, em paralelo às novas medidas de controle inflacionário também foi promovida uma consolidação fiscal, com a reversão dos estímulos dados em 2009-2010 no combate à crise, cortados cerca de R$ 50 bilhões em gastos públicos (depois ampliados em mais R$ 10 bilhões) e criados mecanismos de maior eficiência e gestão desse gasto.
No entanto, antes que esse conjunto de medidas pudesse mostrar resultado, verificou-se o agravamento da crise nos países avançados, sobretudo na Europa.
Ainda que essa crise não tenha até agora se expressado em uma recessão – ao contrário de previsões catastrofistas –, são evidentes a letargia econômica e as incertezas determinadas pelas dificuldades econômicas e de articulação política nos países avançados.
Na Europa, frente aos sobressaltos espanhol, grego e italiano, aos riscos para a moeda única e na ausência de instrumentos regionais mais amplos, foram geradas inseguranças crescentes e uma expansão pífia (de apenas 0,2% no terceiro trimestre vis-à-vis o trimestre anterior e 1,4% relativamente ao ano anterior). Nos EUA, apesar das dificuldades políticas no Congresso e a proximidade das eleições, o crescimento do PIB no terceiro trimestre surpreendeu positivamente (2% relativamente ao trimestre anterior) e as previsões para 2011 chegam próximo a 3%.
Calotes de dívidas soberanas, falências bancárias e eventual saída de países da zona do euro certamente criariam maiores problemas. Mas dificilmente os europeus deixariam essa situação configurar-se, pois significaria o fim do sonho da moeda única e de uma Europa unida. No entanto, a continuidade da desregulação do setor financeiro e das agências de risco em um cenário de dificuldades políticas e econômicas dos países avançados e de políticas conservadoras por eles adotadas no enfrentamento da crise aponta para a persistência das incertezas, em meio a um período longo de baixo crescimento, contrariamente ao dinamismo dos últimos vinte anos.
Essa crise e seus desdobramentos, se bem tenha tido efeitos evidentes sobre a economia brasileira, acabou por fortalecer uma nova abordagem da questão dos juros e de defesa da produção nacional (que levou ao IPI para automóveis, por exemplo). A menor pressão dos preços das commodities, da valorização da moeda nacional e o maior arrefecimento da economia (em um ambiente macroeconômico nacional sólido) favoreceram a que o governo e o Banco Central acelerassem a decisão de redução dos juros básicos da economia e pudessem afastar – pelo menos temporariamente – medidas mais duras de combate à “guerra cambial”.