Projeto Vila do Mar se consolida como um dos mais importantes investimentos do PAC no país
Projeto Vila do Mar se consolida como um dos mais importantes investimentos do PAC no país
No Ceará, uma história de luta que conquistou vista para o mar e dignidade para a população. Foto: Thiago Gaspar
As obras de urbanização abrangem as praias da Barra do Ceará, Cristo Redentor e Pirambu, bairros que formam o Grande Pirambu. Aprovado em 2005 no Orçamento Participativo (OP), o projeto prevê investimentos de R$ 184,2 milhões, provenientes do PAC, do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e de uma parceria com o governo do estado. “Esse é um projeto grandioso, ousado e caro. Na verdade, estão sendo investidos R$ 101 milhões do governo federal (PAC e FNHIS), R$ 27,7 milhões de uma parceria com o governo do estado do Ceará e R$ 55,5 milhões de contrapartida da Prefeitura de Fortaleza. Já estamos com todos os recursos garantidos e assegurados”, detalha Luizianne.
A ação era esperada havia mais de cinquenta anos pelos moradores do Pirambu. “Era um grande trecho da nossa orla que estava invisível aos olhos do poder público. O que estamos fazendo com o Vila do Mar demonstra a opção do nosso governo de priorizar a população mais pobre e em situação de risco”, diz a prefeita. Há mais de setenta anos no Pirambu, o morador e conselheiro do projeto José Maria Tabosa afirma: “Antes, olhávamos o mar de costas, hoje podemos olhar de frente”.
O projeto vem sendo discutido com a comunidade desde o princípio. “Quando assumimos, em 2005, fizemos uma escuta da comunidade – donas de casas, jovens, pescadores, trabalhadores em geral – e preparamos um projeto que atendesse às necessidades reais daquela população, que lutava por moradia digna e qualidade de vida”, diz Luizianne. “Por isso, a metodologia e a concepção de intervenção utilizadas no Vila do Mar privilegiam o espaço para habitação popular, e não para especulação imobiliária. Além das casas, proporcionamos aos moradores infraestrutura urbana, opções de lazer e espaços de convivência.”.
A fase de planejamento e captação de recursos foi iniciada em 2006 e a previsão é de que o projeto seja concluído até o final de 2012. O projeto tem o acompanhamento de um conselho gestor, constituído por técnicos da prefeitura e representantes de diversos segmentos organizados dos bairros envolvidos. “O Conselho Gestor é formado por 25 representantes, doze governo e treze da comunidade. Em reuniões sistemáticas, a coordenação do projeto e o Comitê Gestor sugerem ajustes e implementam novas propostas de ação para atacar problemas históricos como segurança pública, desemprego e falta de qualificação profissional”, acrescenta Rocicleide Silva, coordenadora da ação de governo.
Maria Gesimar Brito de Oliveira, uma das primeiras moradoras da praia do Pirambu, destaca a característica humanizada do projeto. “Antes eles (governos) vinham, ofereciam o que queriam e jogavam as pessoas para longe. Muita gente acabou morrendo de tristeza. Hoje é diferente, esse projeto foi construído com o povo, o governo Lula, do estado e de Fortaleza. Foi a melhor coisa que aconteceu. É um projeto que está beneficiando todo mundo. A praia hoje é linda.”
De lixão e desova de corpos à rota turística
Antes, região era um grande lixão à beira mar
No território, segundo Rocicleide, não havia até 2008 beira de praia. A faixa litorânea era utilizada para jogar lixo e para a desova de até oito corpos por fim de semana.
As intervenções na infraestrutura de 3 dos 5,5 quilômetros de área propiciaram uma nova praia que vem ganhando espaço na rota turística da cidade e elevando a autoestima de quem vive no Grande Pirambu. Já foram entregues avenida em paralelepípedo, calçadão em pedra cariri, praça de convivência, quadra esportiva, mirante, iluminação pública, a reforma de quatro espigões e um quinto já está em construção.
Na opinião de Tabosa, o cenário do Pirambu começou a mudar a partir de 1958, quando os moradores, apoiados pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e pela Igreja Católica, passaram a se organizar. Mas o salto de qualidade só ocorreu no governo petista. Nascido e criado na região, como faz questão de frisar, o sapateiro aposentado, que participou da marcha de 1962 para impedir a expulsão dos moradores, liderou greves e ficou preso durante a ditadura militar, resgata em seu livro Vivências, Luta e Memórias: Histórias de Vida de Lideranças Comunitárias em Fortaleza um passado de muita pobreza e desprezo pelos governos.
“De 1958 até aqui nunca havíamos tido um olhar para nós. Com a administração de Luizianne tivemos o OP, que nos fez conhecer o que é orçamento federal, estadual e municipal, para onde se destinam as verbas. E foi nele que aprendemos a conseguir um projeto coletivo, que nos beneficiará com educação, cultura, esporte, emprego e renda. O OP foi a maior vitória, e por isso nós aprovamos o Vila do Mar e a regularização fundiária. Uma das maiores conquistas, porque, quem detém conhecimento, detém poder”, avalia.