Política

Bolsonaro não nos deu opção. Sabemos dos riscos da pandemia, mas também sabemos que a maioria do povo se submete a eles todos os dias pela sobrevivência. Dia 19 de junho teremos novas manifestações

Os atos de 29 de maio mobilizaram mais de 500 pessoas. Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas

Os atos do dia 29 de maio de 2021 que pediam Fora Bolsonaro, vacina para todos e todas pelo SUS e auxílio emergencial de R$ 600, foram como um rio correndo pro mar. Não dá pra parar. Aconteceram em mais de 240 cidades do país, mobilizaram mais de 500 mil pessoas.

As mobilizações soltaram o grito contido de grande parte da população que desde o início da pandemia busca maneiras seguras de protestar contra um governo neofascista, ultraliberal e genocida.

Assistimos a uma organização dificilmente vista em atos de grande mobilização. Distribuição de máscaras PFF2 e similares em diversos pontos, álcool em gel borrifado por organizadores e uma tentativa de garantir o distanciamento social, ainda que com dificuldades.

Muita gente jovem na rua. Muita gente que sonha. Muita gente que luta cotidianamente. Cartazes criativos. Bandeiras vermelhas. Estrelas do PT. Apoio das janelas. Força nas redes. Artistas, influencers, lideranças. Juliette, Gil do Vigor, Lewis Hamilton, Morena Bacarin, Renata Sorrah, Preta Ferreira, Ailton Krenak, Zeca Baleiro, Elisa Lucinda, Gleisi Hoffmann, Benedita da Silva, João Paulo Rodrigues, Raimundo Bonfim. Milhares que vozes que juntas ecoam para muito além dos nossos ouvidos.

Os atos do dia 29 de maio deram tão certo e foram tão fortes que confundiram a narrativa do bolsonarismo e da grande mídia. O bolsonarismo, sempre tão ágil em disputar narrativas, se dividiu entre dizer que estavam esvaziados e que não havia distanciamento social. O Globo e o Estadão foram capazes de não dar destaque aos atos em suas capas de domingo. Uma vergonha.

O papel que a grande mídia cumpriu em não dar a devida dimensão aos atos em suas coberturas jornalísticas reforça a importância da disputa de hegemonia em jogo. A importância de derrotar o pensamento bolsonarista e neofascista, que não acontecerá pela força do pensamento ou por notas de repúdio, apenas. É preciso dialogar com as pessoas. É preciso estar atento e forte. É preciso disputar mentes, corações e valores.

Não há dúvida de que o sucesso da mobilização se deu pela unidade construída entre as forças de esquerda e populares a partir da Campanha Fora Bolsonaro. É preciso valorizar e preservar essa unidade que há mais de um ano organiza lutas contra esse governo genocida e sua política que pune o povo.

É verdade que nenhum brasileiro gostaria de estar na rua nesse momento de crise sanitária. Todos queremos preservar vidas, inclusive a nossa. Mas esse é um governo que não nos deixou opções. Sabemos dos riscos da pandemia, mas também sabemos que a ampla maioria do povo se submete a ele todos os dias na luta pela sobrevivência, pela comida no prato.

Não há mais retorno nas lutas sociais de rua contra Bolsonaro e elas são fundamentais para enfrentar esse governo do atraso, da fome e da morte. Não venceremos esse governo genocida por inércia e já estão convocadas novas manifestações de rua para o dia 19 de junho. Por vacina para todos e todas pelo SUS, pelo auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, contra os cortes na educação, contra a violência e o racismo, em defesa dos serviços públicos e da nossa soberania, contra a reforma administrativa e as privatizações!

Não é possível parar um rio, quando ele corre pro mar e também não dá pra calar um Brasil, quando ele quer gritar: Fora Bolsonaro!

Camila Moreno integra a Comissão Executiva Nacional do PT e a Campanha Fora Bolsonaro.