A série histórica do instituto Datafolha sobre preferência partidária se inicia em abril de 1989 – ano da primeira eleição presidencial direta da redemocratização brasileira. Na primeira pesquisa registrada, o PT, à época prestes a completar 10 anos de fundação, era preferido por 12% da população do país.
Hoje o PT tem a preferência de 23% da população – patamar sólido que se verifica desde o início dos anos 2000. Desde o início da série, partidos vieram e se foram na preferência do eleitorado, como o MDB, o PSDB e mais recentemente o PL. Mas é o PT, mesmo em seus momentos mais críticos (como na crise do impeachment em 2015 e 2016, que levou a preferência ao PT ao patamar mínimo histórico de 9%), que manteve relevância sólida no imaginário dos brasileiros e das brasileiras.
O PT figurou como primeiro ou segundo colocado de todas as eleições presidenciais desde 1989 e elegeu candidatos e candidatas a todos os cargos eletivos do país. Tal quadro resulta de um fato consolidado da política nacional e dos números obtidos de pesquisas de opinião das últimas 5 décadas: em um quadro histórico de baixa preferência partidária, o Partido dos Trabalhadores foge à regra geral e é o principal partido no imaginário dos brasileiros e das brasileiras.
Desafios para o partido
As transformações na sociedade são desafios para o partido no próximo período, para manter e ampliar seu protagonismo. A ascensão de uma extrema-direita gerou um novo tipo de adversário para o campo democrático popular. Os trabalhadores, que, organizados, foram estopim para a criação do PT, foram impactados por um processo de desindustrialização e de complexificação das relações de trabalho. Milhões ascenderam socialmente durante os governos do PT, quando deixaram de ser relegados a “cidadãos de segunda classe”, como denunciou o Manifesto de Fundação do PT. Novas formas de trabalho, como o de empresas por empresas por aplicativos e plataformas digitais, desafiam as compreensões tradicionais sobre as classes trabalhadoras. Há novas e velhas demandas por direitos, proteção social, melhores condições de trabalho, potencial para disputar valores e organizar as massas de trabalhadores em novas formas de organização coletiva.
Acompanhar tais transformações da sociedade brasileira e seus impactos nos valores e percepções de parcelas do povo brasileiro sobre a realidade é um dos papéis do NOPPE, em sua agenda de estudos e pesquisas. Destacamos trabalhos recentes que buscaram compreender as demandas e a situação das classes trabalhadoras (em pesquisas já publicadas no site da FPA), das mulheres brasileiras (em pesquisa a ser publicada), o comportamento eleitoral, valores, percepções e a cultura política dos brasileiros e brasileiras.
Confira a pesquisa “As Classes Trabalhadoras” realizada pelo CASB e pelo NOPPE
Confira também as pesquisas mais recentes publicadas pelo NOPPE
Matheus Tancredo Toledo - Cientista político e coordenador do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (NOPPE) da Fundação Perseu Abramo