Internacional

Leonilda Zurita Vargas, do Movimento al Socialismo (MAS), destaca a integração dos movimentos sociais com Evo Morales

A negação histórica da existência de um povo palestino, necessária para afirmar o status da terra como res nullius, como uma terra sem povo destinada ao povo a que fora prometida, mantém-se constante até hoje e é acompanhada da vilificação daqueles que estão “do outro lado”, daqueles menos civilizados, dos radicais, dos amantes da morte

Leonilda: A direita não perdoa nossos países pelas profundas transformações

Leonilda: A direita não perdoa nossos países pelas profundas transformações. Foto: Evelize Pacheco

União é a palavra mais usada por Leonida Zurita Vargas para definir a relação entre os movimentos sociais e o presidente da Bolívia, Evo Morales, candidato à reeleição em 2014. A secretária de Relações Internacionais do Movimento al Socialismo – Instrumento Político por la Soberanía de los Pueblos (MAS-IPSP), partido do presidente, participou das atividades do Foro de São Paulo. Nesta breve entrevista a Teoria e Debate, Leonilda também abordou as ameaças da direita às conquistas do povo boliviano e o lamentável episódio ocorrido com Evo na Europa. Entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, organizações sociais realizaram em Cochabamba a Cúpula Anti-Imperialista, em desagravo ao presidente da Bolívia, impedido de sobrevoar o espaço aéreo de quatro países europeus (França, Itália, Espanha e Portugal) ao retornar da Rússia, sob a alegação dos Estados Unidos de que escondia no avião presidencial o ex-agente da NSA (Agência de Segurança Nacional, sigla em inglês) Edward Snowden. O evento reuniu representantes de 34 países na Bolívia. Uma de suas resoluções foi um projeto que propõe instituir o 2 de agosto como Dia Anti-Imperialista, de acordo com a Agência Boliviana de Informações. “Nós nos fortalecemos como organizações sociais para defender o nosso presidente”, afirma Leonilda.

Como é atualmente a relação dos movimentos sociais com o governo Evo Morales?

Leonilda Zurita Vargas: Primeiro quero saudar e felicitar o Partido dos Trabalhadores de Lula e da presidenta Dilma, que são exemplos para nós. Aprendemos e continuamos a aprender muito com Lula. Quando foi presidente, nós não éramos governo, ainda estávamos começando, e Lula foi um grande professor que ensinou, como trabalhador, operário, a nós, camponeses,  indígenas. Hoje nos coube ser governo.

Para nós, com base na nova Constituição política, quando se é eleito pela primeira vez temos direito a uma reeleição. Então, em 2014, o irmão presidente Evo Morales é o candidato único do nosso partido, com o vice-presidente Álvaro (García Linera).

Evo surge como liderança dos movimentos sociais, e nessa condição ele trabalha em conjunto, em coordenação e integração com sua Presidência, com as autoridades e com as organizações sociais para tratar dos problemas imediatos, problemas que podem ser acolhidos. Mas essas relações enfrentam conflitos, quando a direita, a oposição, se infiltra para dividir nossas organizações sociais e tentar atacar os processos de mudança feitos pelo presidente.

Tudo isso nos leva a uma reflexão: mais do que nunca nos unirmos; unidos venceremos, buscando viver bem. Na grande mobilização que realizamos na Bolívia, na Avenida Blanco Galindo, em La Paz, com a presença de diferentes organizações sociais durante a Cúpula Anti-Imperialista, repudiamos a atitude dos europeus (no episódio), quando nosso irmão presidente Evo foi atingido pela Europa, que não permitiu que seu avião passasse por seus territórios. Isso pode acontecer com qualquer país, começaram com o presidente Evo. Hoje, nos colocamos de pé, nos fortalecemos como organizações sociais, para defender o nosso presidente Evo. Dizemos: “Presidente, é preciso eleger o melhor homem, o melhor líder, para que conduza o país”, mas dizemos isso para nós mesmos. E, para nós, Evo é o presidente que trabalha, que coordena, desde às 5 da manhã, resolvendo problemas em alguma comunidade. Ele passa até 1 ou 2 da madrugada trabalhando. Evo nos diz sempre que autoridade deve servir ao povo, e não servir-se do povo como autoridade. Então, para nós, é um trabalho duro, árduo, mas sempre em coordenação com os movimentos sociais, porque são os pilares fundamentais desse processo de mudanças como cidadãos.

Há hoje grupos de direita na Bolívia que ameaçam diretamente a reeleição de Evo Morales?

Leonilda: Existem partidos, grupos de direita, mas não têm programa de governo, não têm um líder como o irmão presidente, um líder local, um programa local. Há tipos como o governador de Santa Cruz, Rubén Costa Aguilera, que convida o venezuelano Henrique Capriles, para provavelmente se articularem para algo. É muito lamentável e repudiamos as atitudes desse burocrata. Hoje, porém, mais que nunca, nossos povos estão conscientes, porque se nos equivocarmos novamente o imperialismo ianque volta para nos descer o cacete. Há pequenos grupos que estão se rearticulando, mas são minorias. Não são ameaça, porque somos maioria, estamos conscientes e em processo de transformação.

Como são os canais de comunicação do governo?

Leonilda: O primeiro inimigo é a comunicação, os canais de televisão, as rádios. Também temos as rádios do Estado, que informam  a verdade, apesar das especulações da imprensa da direita. O único caminho é a unidade, para os nossos povos, para a querida América Latina, porque a direita, a ultradireita, quer retornar, serviçal do imperialismo. Na verdade, para mim, eles não vão perdoar nossos países pelas profundas transformações, porque atingimos a todos, àquele inimigo, o gigante Estados Unidos. Estamos com nosso presidente, por isso vamos ganhar as eleições. Até a vitória do governo, trabalhando para nossos povos.

Evelize Pacheco é editora-assistente de Teoria e Debate