Política

O PT passa por um momento crucial em que é necessária a defesa do governo Lula e das novas bandeiras do partido, como a taxação dos super-ricos, bancos e bets (casas de apostas on-line), e a reconexão do partido com as bases. E é também nesse momento que o partido tem a possibilidade e o dever de construir novas lutas, entre elas a recuperação da militância jovem, que se demonstra cada vez mais necessária.

No último domingo, dia 06 de Julho, os filiados e filiadas do Partido dos Trabalhadores (PT) foram às urnas (com exceção do estado de Minas Gerais que teve as eleições remarcadas) para escolha da nova direção do partido por meio do Processo de Eleição Direta (PED).

Mesmo sem os votos da militância mineira, o candidato com apoio do presidente Lula, Edinho Silva, candidato pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), ex-prefeito de Araraquara (SP), ex-ministro no governo Dilma e ex-deputado estadual de São Paulo, foi eleito matematicamente com mais de 73% dos votos dos filiados.

Um momento decisivo para o partido

O PT passa por um momento crucial em que é necessária a defesa do governo Lula e das novas bandeiras do partido, como a taxação dos super-ricos, bancos e bets (casas de apostas on-line), e a reconexão do partido com as bases. E é também nesse momento que o partido tem a possibilidade e o dever de construir novas lutas, entre elas a recuperação da militância jovem, que se demonstra cada vez mais necessária.

Reconstrução da militância jovem

Após um período desafiador, marcado pelo golpe contra a presidenta Dilma Rousseff em 2016 e a injusta prisão de Lula em 2018, o PT enfrentou uma queda significativa nas filiações de jovens, atingindo 9,1 mil em 2020. No entanto, a trajetória se inverteu com o retorno do presidente Lula. Desde então, o partido testemunhou um crescimento notável, com o número de filiações de jovens subindo para 17,4 mil segundo dados de 2024.

A força da Juventude do PT

O papel da Juventude do PT (JPT) é imprescindível e incomparável com o papel de outras juventudes partidárias. A JPT ocupa espaços em instâncias partidárias em todos os níveis — regionais, municipais, estaduais e nacional —, possui vereadores, deputados estaduais e federais por diversos estados, além de também possuir prefeitos e prefeitas e construir outros importantes espaços institucionais como o governo do presidente Lula. E a juventude petista vai além, se somando em mobilizações nacionais, pautas que afetam diretamente na vida do dia a dia da classe trabalhadora, e está presente em universidades e escolas de todo país, ocupando importantes espaços no movimento estudantil como na União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG).

A disputa da juventude com outros partidos

Entretanto, também vemos o avanço do número de filiados e militantes jovens de outros partidos de esquerda, como o PSOL, que praticamente dobrou seu número de filiações jovens em uma década, segundo dados do TSE de 2024, passando de 10,4 mil para 19 mil, tornando-se o partido com mais filiados jovens atualmente. Além disso, partidos da extrema-direita como o PL também apostam em estratégias para atrair o público jovem.

O PT e os programas para juventude

Em tempos de renovação das direções do Partido dos Trabalhadores, é de extrema importância e necessidade que o partido comece a dialogar de uma melhor maneira com a juventude. O PT é o partido responsável por várias conquistas por meio de programas sociais que uma grande parcela da juventude brasileira é usuária, como o ProUni, Fies Social, Institutos Federais, entre tantos outros programas e iniciativas que foram construídas pelos nossos governos, como o recém-criado programa Pé-de-Meia, que oferece a jovens cadastrados no CadÚnico uma bolsa para estudarem e concluírem o Ensino Médio, com incentivos, além do Pé-de-Meia Licenciaturas, para formarmos mais professores no Brasil. A juventude brasileira precisa compreender que esses programas são frutos do governo do presidente Lula e do programa e plataforma do Partido dos Trabalhadores.

A urgência de dialogar com as novas juventudes trabalhadoras

Com a nova direção do partido, que nos comandará até 2029, é fundamental que o PT comece a dialogar de maneira mais “fervorosa” com as novas classes trabalhadoras, onde por muitas vezes — por consequência do modus operandi do capitalismo — a juventude se faz presente. Dialogar de melhor maneira com os motoristas de aplicativos, com os moto-entregadores, e principalmente a melhoria e renovação na estratégia de comunicação do partido. O PT precisa estar presente onde a jovem classe trabalhadora está, e ela está diariamente, horas por dia, consumindo conteúdo nas mídias sociais. Cabe à nova direção do Partido dos Trabalhadores o dever de dialogar com a juventude onde ela está: nas redes sociais.

Um testemunho geracional

Eu, jovem que nasci durante o governo Lula II e cresci nos governos Dilma, vi com os meus próprios olhos o bem-estar que o Brasil passava. Mesmo criança, lembro de ir à urna votar com a minha avó em 2014 na Dilma para presidenta e depois, à noite, comemorar a reeleição de Dilma na casa dos meus tios. Entro no PT e na Juventude do PT com apenas 13 para 14 anos, vendo toda a transformação social que ocorria em Araraquara (SP), como as políticas públicas para a juventude, a saúde e educação de qualidade, Orçamento Participativo em execução pelo governo do então prefeito Edinho Silva e mandatos jovens presentes nos bairros e dialogando com a juventude, como da então vereadora Thainara Faria, hoje deputada estadual de São Paulo pelo PT. E enquanto isso, via a destruição causada pelo presidente Jair Bolsonaro: familiares e amigos morrendo, os preços no supermercado aumentando em níveis desastrosos e o desespero de toda uma nação com a necessidade de derrotarmos um governo marcado por práticas autoritárias e eleger Lula novamente para o seu terceiro mandato. Essa experiência forjou minha militância e me convenceu da importância de mantermos o PT próximo da juventude.

Um chamado ao futuro do PT

É com a minha experiência de entrada ao Partido dos Trabalhadores com apenas 13 anos que enfatizo, neste importante momento de troca de direção do partido, onde tenho a plena convicção que construiremos um PT forte, temos a necessidade de dialogarmos com a juventude, fazer um resgate histórico do que os governos do PT já fizeram nos municípios, nos estados e no país, dialogar com as novas classes trabalhadoras, criar novas estratégias de comunicação, fortalecer a militância jovem e os mandatos de jovens nas capitais e rincões de todo o Brasil. Somente com esse compromisso de escuta, ação e ousadia, o PT poderá continuar sendo o principal instrumento de transformação social para a juventude brasileira.