Cadernos Teoria e Debate

As imagens de brasileiros mendigando osso na fila de frigoríficos é o retrato de um Brasil que volta ao mapa da fome, arrasado pelo regime bolsonarista e pela Covid-19. Essas questões foram centrais nos debates dos encontros setoriais do recém-criado setorial de Direitos Animais do PT. Não se trata de um setorial para tratar apenas de cães e gatos, embora também sejam importantes. É um setorial que luta pela vida das pessoas e de todos os animais, pois direitos humanos e direitos animais estão conectados. Com mais de 660 mil mortos pelo coronavírus no país, é preciso lembrar que essa doença é uma zoonose, fruto da exploração predatória do ser humano contra o meio ambiente e as outras formas de vida, fruto das nossas escolhas por um modelo de produção que viola os direitos animais e favorece a propagação de doenças.

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, durante o seminário inaugural do Setorial de Direitos Animais do PT, afirmou acertadamente que “a nossa luta por uma sociedade melhor, na qual não haja explorados nem exploradores, que haja justiça entre a humanidade, ela não prescinde também de uma luta para que a gente no futuro possa ter com certeza a libertação dos animais”. A questão animal será destaque nas eleições de 2022. Cada vez mais, a sociedade se preocupa e reivindica os direitos animais. Em 46% dos lares brasileiros há pelo menos um cão, e em 19% tem pelo menos um gato, sendo que 61% dos tutores consideram seus animais como membros de sua família multiespécie, para os quais reivindicam proteção contra maus-tratos, implantação de políticas de saúde pública. Ademais, 14% dos brasileiros se declaram veganos ou vegetarianos, um universo de 30 milhões de pessoas que decidiram mudar sua alimentação e estilo de vida em respeito aos animais.

De forma que é preciso ouvir o que 30 milhões de pessoas estão falando: precisamos tratar os animais de forma digna, precisamos priorizar um sistema de alimentação que preserve o meio ambiente, os direitos animais e a saúde humana.