Leões e Cordeiros (Direção de Robert Redford, Estados Unidos, 2007, 91 minutos) - Leões e Cordeiros é impecável do ponto de vista didático e político. O professor, humanitário e inteligente, dá aula para privilegiados, brancos e ricos, empenhando-se numa longa discussão com um deles, cínico e desabusado sem ser má pessoa. Dois outros alunos, um negro e um latino, que estudaram com bolsas esportivas, alistaram-se no Exército e seguiram para o Iraque, a fim de fazer jus à aposentadoria que garante ao voluntário alguns anos de curso superior. Sem isso, seu destino é o desemprego e a droga. Apanhados numa emboscada, preferem morrer a ser capturados. A conivência da mídia e dos políticos é mostrada. Com Robert Redford, Meryl Streep e Tom Cruise.
Route Irish - (Direção de Ken Loach, Reino Unido, França, Itália, Bélgica, Espanha, 2010, 109 minutos) - Ken Loach, o grande cineasta de esquerda inglês, se debruça sobre os serviços de segurança paramilitares, terceirizados pelas Forças Armadas americanas no Iraque e no Afeganistão. Os escândalos criminosos, sobretudo massacres de civis, em que se envolveram. Afirma-se que seu número nesses dois países equivale ao dos soldados regulares. Baseado no livro Blackwater – O Mais Poderoso Exército Mercenário do Mundo (2006), em que Jeremy Scahill relata suas investigações sobre as atividades mais ou menos legais da empresa Blackwater. Com sede nos Estados Unidos, tem turvas relações com a CIA e setores de direita, sendo contra muçulmanos e árabes. É importante fator na chamada “guerra ao terror” que se instaurou após o 11 de Setembro.
Vale dos Lobos (Kurtlar Vadisi) - (Direção de Serdar Akar e Sadullah Sentürk, Turquia, 2006, 118 minutos) - Curioso filme turco passado no Iraque, em que os invasores norte-americanos são os bandidos. Estes são tratados claramente com os mesmos recursos de satanização do outro que se encontram nos filmes de ação norte-americanos, com resultados relevantes. Vale dos Lobos tem gerado polêmica e proibições, mas não passa de um filme de ação norte-americano virado ao contrário. É muito bom, com pequenas ressalvas. Vê-lo vem a ser uma interessante experiência, abaladora de estereótipos.
Zona Verde - (Direção de Paul Greengrass, França/EUA/Espanha/Reino Unido, 2010, 115 minutos) - Alguns filmes de ficção sobre a invasão do Iraque são bons mas privilegiam o entretenimento, abstendo-se de crítica e por isso não tendo maiores consequências. Em Zona Verde, Matt Damon procura mas não acha armas de destruição em massa. Em Guerra ao Terror, o espectador vai ver desengatilhar e desmontar bombas. Soldado Anônimo: a Vida em um Dia mostra o cotidiano dos jovens na linha de fogo. O Mensageiro, com Woody Harrelson, põe em cena dois soldados encarregados de levar pessoalmente às famílias as notícias de falecimento no Iraque. Não são odiosos nem odientos, mas não avançam nem a análise, nem a denúncia.
Os Homens Que Encaravam Cabras (Direção de Grant Heslov, EUA, 2009, 90 minutos) Filme de humor negro que trata de uma unidade especial de guerra psicológica que recebia treinamento para matar através do olhar, tendo cabras como alvo, donde o título do filme. A impressão é de que todos são loucos varridos. Na apoteose, o chefe da equipe põe LSD na água do acampamento no Iraque e todos alucinam, em cenas engraçadíssimas, culminando na liberação das cabras que serviam de cobaias e estavam presas ali mesmo, num curral. Um excelente naipe de atores garante a qualidade do filme: George Clooney, Jeff Bridges, Kevin Spacey e Ewan McGregor.
No Vale das Sombras (In the Valley of Elah) (Direção de Paul Haggis, EUA, 2007, 121 minutos) - Jovem soldado recém-chegado do Iraque desaparece misteriosamente em base militar nos Estados Unidos. Frente à muralha de segredos que se ergue e desconfiando que o filho foi silenciado, o pai, militar reformado, vai procurar respostas. A investigação revela os horrores que os garotos foram obrigados a cometer no Iraque, tornando-os insensíveis torturadores, assassinos e atropeladores de crianças, levando à sua desintegração mental.
Walnice Nogueira Galvão é professora emérita da FFLCH da USP e integrante do Conselho de Redação de Teoria e Debate