Sem Destino (Easy Rider) - Direção: Dennis Hopper (EUA), 1969, 95 minutos, Distribuição: Sony Pictures - Expressão do sonho libertário de 1968: dois amigos fazem uma viagem de motocicleta pelo interior dos Estados Unidos. Ambos são drop-outs, termo em voga à época, designando “cair fora”, ou seja, abandonar os estudos, romper as amarras, contestar o sistema, partir em peregrinação, viver em comunidade e recusar-se a lutar no Vietnã. Pungente e sem ilusões, retrata os ideais generosos da contracultura e seus embates com o preconceito. Trilha sonora extraordinária, com “Born to be wild” (bandeira da época) pelo Steppen Wolf, Jimi Hendrix e The Byrds.
Os Amantes Constantes (Les Amants Réguliers) - Direção: Philippe Garrel (França), 2005, 178 minutos, Distribuição: Imovision - O entrecho mostra o maio de 68 francês, o mais importante e o mais radical do mundo. Um coletivo de estudantes entrega-se à ação política, erige barricadas, enfrenta a polícia e discute seu ativismo, em meio a um país paralisado pelas greves operárias e das escolas. A poesia e o embaralhamento das emoções numa situação de avanço das massas. Termina pela dispersão que se seguiu ao esgotamento da eclosão revolucionária. Filmado em branco-e-preto de alto contraste.
Os Sonhadores (I Sognatori) - Diretor: Bernardo Bertolucci (Itália, França, Inglaterra e EUA), 2003, 115 minutos, Distribuidora: 20th Century Fox - Intriga entre um casal de irmãos franceses, ultra-sofisticado, e um americano inocente de passagem por Paris, em pleno maio de 68. Os três são cinéfilos extremados, cujo encontro ocorre na Cinemateca Francesa, fechada pelas autoridades e sede dos primeiros protestos. Enclausurados num apartamento burguês, o que importa para eles é a subjetividade, o hedonismo, o sexo. Aos poucos, a intriga desliza do erótico-sentimental para o político, vendo-se nas últimas cenas a cidade ocupada pelos rebeldes e as refregas com as forças da repressão.
Hair - Diretor: Milos Forman (EUA), 1979, 120 minutos, Distribuidor: United Artists - Musical de militância, que foi o mais popular espetáculo teatral de 1968 nos Estados Unidos, sendo encenado por toda parte. Anos depois, Milos Forman filmou o musical, que tem por protagonista um jovem recruta prestes a partir para a guerra do Vietnã, motivo dos maiores protestos públicos no país. Tentam desviá-lo desse objetivo personagens típicos da época, hippies, drop-outs, ativistas políticos e outros. As canções do filme, como “Hair” e “Idade de Aquarius”, ficariam famosas.
Barra 68 – Sem Perder a Ternura (Em vídeo) -Direção: Vladimir Carvalho (Brasil), 2000, 80 minutos, Distribuição: Riofilme - Metragem original da invasão do campus de Brasília pelo Exército em 1968, entremeada com entrevistas posteriores. Ou de como o projeto de Darcy Ribeiro, ao criar uma universidade avançada e crítica, foi destruído pela ditadura militar. A discussão se estende por intermédio de vários depoimentos, inclusive um dos mais específicos já feitos pelo autor do projeto. Realizado por um de nossos maiores documentaristas, Vladimir Carvalho, que há 30 anos se dedica ao ofício. Premiado em vários festivais.
Memória do Movimento Estudantil - Direção: Silvio Tendler (Brasil), 2007, 103 minutos - Reúne dois filmes de 50 minutos centrados na UNE, feitos pelo militante de 68 e documentarista da história política brasileira Sílvio Tendler: Ou Ficar a Pátria Livre ou Morrer pelo Brasil e O Afeto que se Encerra em Nosso Peito Juvenil. Extraídos de trezentas horas de testemunhos gravados por agentes da história, e mais trechos de peças, músicas e poemas produzidos pelos estudantes. Dos anos 30 à liberação da UNE, cuja sede, incendiada no primeiro dia do golpe de 1964, só seria retomada em 2007.
Walnice Nogueira Galvão é professora emérita da FFLCH da USP e integrante do Conselho de Redação de Teoria e Debate