Colunas | Cinemateca

Trabalho Interno (Inside Job) (Direção de Charles Ferguson, 109 minutos, EUA, 2010) - Analisa a crise desde 1980, quando começou a “desregulação” do capital financeiro, posteriormente promovida pelos governos conservadores de Reagan e dos dois de Bush. Tudo quanto é antiético deixaria de ser ilegal. Mostra o conluio entre dirigentes de financeiras, Legislativo e Executivo: esses dirigentes ocuparam e ocupam ainda hoje altos postos públicos, tanto nos Estados Unidos quanto na União Europeia. E a conivência da mídia. O filme dá nome aos bois: Lehman Brothers, Goldman Sachs, AIG, Merryl Lynch. Receberam bilhões do governo, nem um só perdeu dinheiro nem foi processado, todos afinal saindo mais ricos que antes.

Margin Call – O Dia Antes do Fim (Direção de J.C. Chandor, 109 minutos, EUA, 2011)- Filme perigoso, que tenta enganar o espectador. Concentra-se em 24 horas de um banco de investimentos, às vésperas da crise de 2008. O elenco de estrelas (Kevin Spacey, Jeremy Irons, Demi Moore, Stanley Tucci) e o andamento cheio de suspense conduzem a trama. O alto nível críptico da discussão serve para deixar o espectador reduzido a sua ignorância:  fica convencido de que o problema é inteiramente técnico, nem o dono nem o alto escalão sabiam de nada. A discussão, centrada em algoritmos e fórmulas matemáticas, exime os figurões de responsabilidade, que, esta sim, afinal repousa sobre funcionários subalternos. O espectador que se cuide.

Grande Demais para Quebrar (Direção de Curtis Hanson, 98 minutos, EUA, 2011) - De andamento vertiginoso, tanto quanto o ritmo frenético da bolsa de valores. Seu entrecho é a própria crise de 2008 e as “bolhas”, a começar pela bolha imobiliária e outras falcatruas. Vemos aqui a bancarrota do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos do país. O pânico que se seguiu nos demais bancos e no governo, temerosos de um efeito dominó que derrubasse o sistema em sua totalidade, resultou  na injeção de bilhões de dólares de dinheiro público. Entre os protagonistas, Henry Paulson, secretário do Tesouro do último governo Bush, vivido por William Hurt.

Wall Street – Poder e Cobiça - (Direção de Oliver Stone, 126 minutos, EUA, 1987) - Seu âmbito, como o título indica, é a especulação desenfreada que reina nesse rincão de Nova York, sede do mercado de capitais e da bolsa de valores. Vemos aqui a ascensão e queda de um de seus líderes, Gordon Gecko, interpretado por Michael Douglas, que vemos iniciando um jovem discípulo nas artimanhas de sua respeitável profissão de escroque. Entre elas, e central, aquela que é proibida por lei: o tráfico de “informações privilegiadas”, que todos praticam sem cessar. Quando apanhados, o que é raro, dá processo e cadeia. O odioso slogan do protagonista – “Greed is good!” – é inesquecível.

Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme - (Direção de Oliver Stone, 133 minutos, EUA, 2010) - Gordon Gecko, novamente encarnado por Michael Douglas, sai da prisão após cumprir oito anos de pena por fraude. Não se emendou, porém, e volta a agir em Wall Street. Sua filha, que o renegou, trabalha para ONGs de caridade, mantém um “site de esquerda verde” e namora um jovem que também trabalha em Wall Street. Gecko e o futuro genro travam amizade, chegando à conclusão de que devem juntar forças. Um tolo e inverossímil final conciliatório aguarda o espectador. O primeiro filme fez grande sucesso, já esta continuação agradou menos.

Capitalismo: uma História de Amor (Capitalism: a Love Story) -(Direção de Michael Moore, 120 minutos, EUA, 2009) O militante Michael Moore assesta as baterias sobre a crise econômica global. Já enfrentara antes outros poderosos temas. Os dois primeiros documentários, Roger and Me e The Big One, investigam o desemprego e aumento da criminalidade em Flint, sua cidade natal, causados pela súbita transferência da General Motors, principal e tradicional empregador da cidade, para o México. Tais transferências para o exterior instaurariam o caos e destruiriam a classe operária nos Estados Unidos. O cineasta ficaria famoso e ganharia prêmios internacionais importantes, inclusive o Oscar, com Tiros em Columbine, sobre massacre perpetrado por adolescentes na escola.