Uma leitora me disse:
Sabe, eu conheço uma solteirona que também faz versos.
Verso robe de florzinha cor-de-rosa
Pé de violeta no parapeito
batom vermelho
E domingos intermináveis à janela.
Mostrarei meu caderninho de endereços de A a Z,
completo
Cartas escabrosas que recebo
Meu coração mofado de tantos guardados:
frasco de perfume,
anel de seus cabelos
cópia manuscrita de fascinação
meu outro rosto de mulher tracejado a lápis
pedaço de giz pintado
barquinho de papel
oração a São Francisco de Assis.
O único que não tive em minha cama foi Deus.
Por isso meu verso austero.